Por Notícia ao Minuto - Portugal
Publicada em 02/10/2020 às 15h19
"Não iremos tolerar isto. Qualquer pessoa envolvida [nos alegados abusos] irá ser responsabilizada e enfrentará graves consequências, incluindo o despedimento imediato", afirmou Tedros Ghebreyesus numa conferência de imprensa na sede da organização, questionado sobre as alegações reveladas na terça-feira sobre abusos sexuais no contexto da resposta à epidemia de Ébola naquele país.
Tedros Ghebreyesus manifestou indignação pelas acusações, reveladas numa investigação da agência noticiosa humanitária The New Humanitarian (TNH) e da Fundação Thomson Reuters, em que se encontraram mais de 50 mulheres que acusam funcionários da OMS e de organizações não-governamentais (ONG) envolvidas na luta contra o Ébola de exploração sexual entre 2018 e 2020.
"A OMS tem tolerância zero com a exploração e os abusos sexuais", declarou Tedros Ghebreyesus, assegurando que ninguém estará a salvo de consequências, sejam "funcionários, de entidades contratadas ou parceiras".
"Nós vamos para as comunidades salvar vidas, espalhar esperança", declarou, salientando que, a confirmarem-se as alegações, representam "uma traição" dessas comunidades.
O diretor executivo do Programa de Emergências Sanitárias da OMS, Michael Ryan, garantiu que a agência da ONU acredita nas vítimas e que, na investigação em curso, se se confirmar que pessoas a trabalhar para a OMS cometeram abusos, isso significará que "algo falhou no recrutamento, mecanismos de deteção ou procedimentos disciplinares".
A República Democrática do Congo está a combater uma nova epidemia de Ébola, a décima primeira a atingir o país, que já provocou 50 mortes desde junho.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) anunciou esta quarta-feira uma investigação aos alegados abusos sexuais contra mulheres na RDCongo no contexto da resposta à epidemia de Ébola, manifestando-se chocada por "pessoas que se tenham apresentado como funcionários" da organização "tenham abusado de mulheres vulneráveis" naquele país.
Também a Organização Internacional para as Migrações (OIM) anunciou na passada terça-feira a realização de um inquérito e, no dia anterior, na terça-feira, a OMS informou que vai investigar as alegações de exploração e agressões sexuais.