Por AFP
Publicada em 28/10/2020 às 15h17
Diante do avanço incansável do coronavírus na Europa, a França anunciou nesta quarta-feira (28) um retorno ao confinamento e a Alemanha uma drástica restrição de suas medidas sanitárias, enquanto o mundo registrou um recorde de mais de meio milhão de casos de covid-19 em um único dia.
A covid-19 causou quase 1,2 milhão de mortes em mais de 44 milhões de casos registrados em todo o planeta. Apenas no dia de terça-feira, foram registrados mais de 516.000 novas infecções e 7.723 mortos, segundo um balanço realizado pela AFP nesta quarta.
Na França, onde dois terços dos habitantes já estão sob toque de recolher noturno, o presidente Emmanuel Macron anunciará à noite novas medidas que se antecipam impopulares, segundo uma fonte ministerial, como um eventual novo confinamento.
As decisões serão "difíceis", admite o governo, mas o confinamento seria menos estrito que o da primeira onda, pois escolas e os serviços públicos permanecerão abertos.
O temor principal é de um colapso dos Centros de Terapia Intensiva (CTIs), que já estão com mais da metade dos 5.800 leitos ocupados, em um país que registrou o recorde de 50.000 infecções em apenas um dia. No balanço total, a França tem 35.000 mortes e um milhão de casos de covid-19.
O dilema continua presente. O confinamento é uma "medida drástica" indispensável porque o vírus "está fora de controle", afirmou o infectologista Gilles Pialoux. Mas o empresariado alerta que se a medida for aplicada de maneira total como na primavera (hemisfério norte), "afundará a economia".
Também com as costas contra a parede, a Alemanha planeja novas medidas, com o fechamento por um mês de bares, restaurantes e centros esportivos e culturais, segundo uma proposta que será discutida nesta quarta-feira pelo governo de Angela Merkel, favorável, de acordo com a imprensa, com um novo confinamento "light", com as escolas abertas.
Com quase 11.000 mortes, a Alemanha está - como na primavera - melhor que França, Espanha ou Itália. Mas as novas infecções atingiram um recorde, com quase 15.000 em apenas um dia. "Devemos tomar decisões rápidas e firmes para romper esta segunda onda de contaminação", disse o vice-chanceler Olaf Scholz.
Outros países da Europa estão em uma trajetória parecida, como a República Checa, onde um toque de recolher noturno entrará em vigor nesta quarta-feira.
Na Espanha, a prefeitura de Madri anunciou hoje que enviará drones para os principais cemitérios da capital espanhola, para garantir o cumprimento das restrições sanitárias em 1o de noviembre, quando se celebra o dia de Todos os Santos.
- Cansados da pandemia -
Mas as novas medidas são insuportáveis para muitas pessoas. Na Itália, milhares de pessoas saíram às ruas na segunda-feira à noite, com incidentes violentos em Milão e Turim, as duas grandes cidades do norte do país, afetadas pela crise de saúde na primeira onda da pandemia.
O governo italiano impôs um toque de recolher em várias áreas importantes, com fechamentos de bares e restaurantes às 18H00 e o fechamento total de academias, cinemas e salas de concertos.
Na Espanha, exaustos após uma luta contra o coronavírus por mais de seis meses, vários médicos do serviço público iniciaram na terça-feira uma greve nacional, a primeira em 25 anos, para exigir mais reconhecimento.
Em um esforço para melhorar sua resposta diante da segunda onda, a União Europeia anunciou hoje que destinará 100 milhões de euros (cerca de 117 milhões de dólares) para a compra de testes rápidos de covid-19.
"Os testes rápidos estão chegando agora no mercado. Isso pode desempenhar um papel importante. De nossa parte, destinamos 100 milhões de euros para a compra de testes rápidos", que serão distribuidos pelos países do bloco, disse a presidente da Comissão Europeia, Urusla von der Leyen.
O Irã, por sua vez, anunciou nesta quarta-feira 415 mortos pela covid-19 nas últimas 24 horas, o que representa um novo recorde no país mais afetado do Oriente Médio.
- Paciência -
Ao contrário da Europa, os comerciantes de Melbourne, sul da Austrália, sentiram um grande alívio nesta quarta-feira com a reabertura de lojas e restaurantes após mais de três meses de confinamento.
Na América Latina, onde o coronavírus atinge com força, a situação também é complicada em vários países, como a Argentina, que mergulhou em uma crise de grandes proporções.
O medo de morrer de covid-19 é tão grande que no México muitas pessoas foram pressionadas a fazerem seu testamento.
Ao mesmo tempo, o planeta aguarda uma vacina e a corrida científica é intensa.
A Rússia pediu à Organização Mundial da Saúde (OMS) a "pré-qualificação" de sua vacina, com a promessa de que será "acessível a todos em um período mais curto que as convencionais".
O laboratório Pfizer, que pretende solicitar autorização para uma vacina até o fim de novembro nos Estados Unidos, pediu na terça-feira "paciência", depois de informar que os resultados esperados para esta semana ainda não estavam prontos.
Ao mesmo tempo, os laboratórios Sanofi e GSK anunciaram que disponibilizarão 200 milhões de doses de vacina ao programa internacional criado pela OMS para ajudar a garantir um acesso equitativo às futuras vacinas contra a covid-19.