Por France Presse
Publicada em 21/10/2020 às 15h39
A Espanha se tornou, nesta quarta-feira (21), o primeiro país da União Europeia a exceder um milhão de infecções por Covid-19 relatadas, de acordo com dados oficiais, enquanto o governo estuda novas medidas para impedir a propagação da pandemia.
O país registrou 16.973 casos nas últimas 24 horas, segundo a última contagem do Ministério da Saúde, que elevou o total para 1.005.295 desde que o primeiro caso foi diagnosticado em 31 de janeiro na ilha de La Gomera, no arquipélago de Ilhas Canárias.
O número de mortes subiu para 34.366, 156 delas contabilizadas nas últimas 24 horas, informou o Ministério.
A Espanha, com 47 milhões de habitantes, é o sexto país do mundo a superar a barreira de um milhão de casos. Os outros cinco são Estados Unidos, Índia, Brasil, Rússia e Argentina, de acordo com uma contagem da AFP baseada em números oficiais.
Com mais jovens infectados, esta segunda onda da pandemia está sendo menos letal na Espanha do que a primeira, que atingiu seu clímax entre o final de março e o início de abril, com cerca de 800 mortes por dia. No entanto, especialistas de saúde alertam que alguns hospitais podem entrar em colapso novamente.
O ministro da Saúde, Salvador Illa, afirmou na terça-feira que o governo avalia várias medidas, incluindo um toque de recolher, uma medida tomada na França, na Bélgica, na Eslovênia e em duas regiões da Itália.
"Semanas muito duras virão"
"Semanas muito duras virão, o inverno (europeu) está chegando, a segunda onda não é mais uma ameaça, é uma realidade em toda a Europa", advertiu Illa, afirmando que o governo está "aberto a todas as abordagens possíveis" contra o vírus.
O ministro da Saúde vai se reunir na quinta-feira com representantes das regiões autônomas, que têm responsabilidades na área da saúde pública, para atualizar o plano anti-covid.
A Espanha foi um dos países mais atingidos pela primeira onda da pandemia, até aplicar um dos mais rígidos confinamentos da Europa entre março e junho e controlar as infecções.
Os casos voltaram a se multiplicar a partir de julho, com as autoridades tentando salvar a temporada de turismo, um dos motores da economia espanhola, o rápido retorno à vida social e noturna, e problemas no sistema de rastreamento de infectados, de acordo com os especialistas.
Desentendimentos entre as administrações central e regional, e entre os partidos políticos, sobre o escopo das medidas a serem aplicadas em face da recuperação também prejudicaram a resposta, disseram os especialistas.
Confinamento desperdiçado
À medida que as infecções aumentam, as regiões aplicam medidas de alcance variado para detê-las.
Madri e áreas periféricas foram confinadas desde o início de outubro, enquanto a Catalunha impôs o fechamento de bares e restaurantes por 15 dias.
Perto do aeroporto de Madri, vários guindastes estão trabalhando incansavelmente na construção de um novo hospital para a pandemia, com inauguração prevista para novembro.
Neste momento, os hospitais não estão sendo tão exigidos como na primeira onda, mas os esforços de confinamento na primavera foram perdidos devido à falta de preparação para esta segunda onda, lamentou Ángela Hernández Puente, secretária adjunta da associação médica Madrid Amtys.
Como os contágios caíram no verão (europeu), "acho que eles pensaram que estava tudo acabado, que não haveria mais, quando era a hora de se preparar", disse Hernández Puente, criticando a falta de contratação de pessoal de saúde.