Por Poder360
Publicada em 29/10/2020 às 09h24
O diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antonio Barra, afirmou que o órgão foi célere em avaliar a importação de insumos para fabricação da CoronaVac, vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica Sinovac. A compra foi autorizada nessa 4ª feira (28.out.2020)
Ele destacou que a Anvisa precisa ter cuidado ao avaliar cada passo do processo, uma vez que se trata de algo que pode oferecer risco à vida dos brasileiros.
Segundo Barra, o pedido do Butantan foi feito em 23 de setembro. A Anvisa, no entanto, detectou discrepâncias que impediam a aprovação. “As discreprâncias apontadas foram atendidas parcialmente na noite do dia 22 de outubro e complementadas no dia 23 de outubro”, disse o diretor-presidente em entrevista publicada pelo jornal O Globo nessa 4ª (28.out).
“Então, se fizermos uma continha, são muito poucos dias. É 1 prazo muito rápido para a análise de discrepâncias atendidas.”
“Temos que lembrar que estamos falando de algo que é muito sério. São medicamentos que vão ser apresentados para uso em seres humanos e quem dará o atesto da segurança desse produto, sua qualidade e sua eficácia, somos nós”, falou Barra. “Não estamos tratando aqui de uma lista de compras, ‘ah vou comprar esses itens hoje na loja’. Não é isso, estamos falando de desenvolvimento vacinal.”
Ao ser perguntado sobre quais seriam as discrepâncias presentes no pedido do Butantan, Barra disse que não poderia revelar. “Isso faz parte de toda a questão ética e de que outras empresas também estão em desenvolvimento. Isso é um regra e de nossa parte não podemos fazer isso [divulgar as discrepâncias].”
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), falou que as primeiras 6 milhões de doses da CoronaVac devem chegar na próxima semana ao Estado e já vêm prontas para aplicação. Outras doses devem ser produzidas no Butantan. Para isso, o instituto precisa importar a matéria-prima, o que agora foi autorizado pela Anvisa.
Dimas Covas, diretor do Butantan, cobrou a Anvisa pela demora em autorizar a importação, algo que estaria atrasando o cronograma de fabricação do imunizante.
“O Butantan tem trabalhado com o senso de urgência do momento, desde o início, quando nós iniciamos todo esse processo da vacina. E, obviamente, cada dia conta”, disse Covas.
Sobre a “queda de braço” entre Anvisa e Butantan, Barra afirmou que quer apenas que a população não perca a confiança na agência.
“Espero que a população continue confiando pelo menos na instituição que presido, que é quem tem a responsabilidade de dizer a um pai de família ‘vacine sua família’, dizer a uma mãe ‘vacine seus filhos, tome sua vacina’. Espero que a população nunca perca a confiança na Anvisa, justamente por isso me agarro e não abro mão da ciência, e deixo a política para os políticos”, disse.