Por José Luiz Alves
Publicada em 01/10/2020 às 09h00
Agronegócio e regularização fundiária
Quando o assunto trata de carne, soja, milho e café, e, por aí vai, o Brasil do Sul e do Centro-Oeste é líder empurrando o desenvolvimento de Rondônia e do Norte. Se por um lado, as demais áreas da economia patinam em quedas, as receitas do agronegócio apontam um crescimento de 9%. Como tudo não corre às mil maravilhas, porém significa que 51% dos dólares injetados na economia até o fechamento do mês de julho por meio das vendas ao mercado externo foram do campo.
Rondônia, que por definições geográficas ficou ensanduichada, entre Amazonas e Acre, com excelentes áreas para a produção de grãos, vem enfrentando dificuldades pela morosidade num setor vital para economia regional: a regularização fundiária que se arrasta a mais de 50 anos entre discursos e promessas não cumpridas. Neste processo os principais sacrificados são os pequenos e médios produtores rurais, que mesmo com a boa vontade das instituições financeiras, às vezes não conseguem liberar recursos para implementar agricultura familiar.
Os grandes têm espaços e condições para tocar os investimentos na agricultura e pecuária de precisão para exportar e ajudar o País a entesourar dólares, o que na realidade vem acontecendo. Isso é bom, não restam dúvidas, todavia, são os pequenos e médios produtores rurais que abastecem as mesas e barriga dos consumidores internos.
Com imensa a quantidade de agricultores de médio porte que ajudaram a colonizar Rondônia, que ainda aguardam os títulos de suas áreas, pode se arriscar a dizer que muitos preços da cesta básica de produtos oriundos do campo caso a terra estivesse devidamente documentada e produzindo valores seriam mais convenientes ao consumidor interno. A lógica é clara revelando que os grandes continuam produzindo para exportar, os pequenos e médios abastecendo o mercado interno, todos ganham, inclusive os consumidores.
Começo o plantio da soja em Porto Velho
No último final de semana com a presença do Secretário de Agricultura, Evandro Padovani, o empresário Alysson Zamo deu inicio ao plantio de soja no distrito de Jacy-Paraná, no município de Porto Velho, distante da capital 120 quilômetros, onde estão sendo cultivadas 5.200 hectares da leguminosa pelo sistema direto de colocar a semente no solo após a colheita do milho safrinha para não degradar a área. Alysson Zamo esclarece que após a colheita da soja no mês de janeiro, ali, será plantada 3.200 hectares de arroz aproveitando os insumos e cobertura da terra deixada pela soja, sem nenhum desgaste para o meio-ambiente.
Na opinião do Secretário de Agricultura, Evandro Padovani, os agricultores em Rondônia preservam as áreas cultivadas respeitando a legislação sem derrubar uma árvore. Ao longo da BR 364 em direção ao Acre dezenas de hectares de lavouras de soja estão sendo cultivadas transformando à paisagens, cálculos não oficiais acreditam que nesta safra o município de Porto Velho produzirá mais de 25 mil hectares de lavouras. Para se ter uma idéia, a projeção de Alysson Zamo é para uma colheita de 65 sacas de 60 quilos por hectares cultivadas próximos da média nacional. O município de Porto Velho, com certeza caminha para se tornar em breve em grande pólo agrícola.
Exportações de Rondônia
De janeiro a agosto Rondônia exportou 24 mil, 142 toneladas de carne, no valor de US$ 111 milhões 659 mil em números redondos, representando 36% das exportações do estado. A soja vem em segundo lugar com 29 mil 777 toneladas o que significa 44%, no valor de US$ 10 milhões 071 mil. Pelas contas do superintendente da Federação das Indústrias de Rondônia (FIERO) Gilberto Batista, computando outros produtos, como minério, madeira, peixe e café até o final do ano pelo estuário do rio Madeira devem ser exportados entre 15 e bilhões de dólares, para a China e Ásia. Mesmo a soja liderando as exportações os valores são superados pelo valor da carne. Um dado relevante é que boa parte da soja que saí pelos portos aqui na capital rumo ao exterior é produzida no noroeste de Mato Grosso. No período das colheitas mais de 2.400 carretas descarregam os grãos nos armazéns graneleiros.
Tem espaço para todos
Enquanto isso, no mesmo período o Banco do Povo aprovou e liberou recursos para 1.151 projetos no valor de R$ 5 milhões para pequenos e micros empreendedores rurais e urbanos, gerando renda e emprego para mais de 6 mil pessoas, conforme explica Manoel Serra presidente da instituição. Segundo ele com todas as restrições impostas pela pandemia, depois de algumas adequações com apoio do governo do estado, o nosso atendimento aos pequenos não perdeu ritmo.
O preço da carne continua em alta
Arroba do boi gordo sofreu uma redução média de R$ 5,00, na semana, no entanto, nos açougues e supermercados o preço do produto continua em alta para o consumidor. O quilo do contra-file comercializado a R$ 35,67, coxão mole R$ 31,23, coxão duro em promoção R$ 22,80, costela maturada, aquela do churrasco R$ 29,30, fraldinha R$ 27,89, costela sem osso R$ 24,97, peito R$ 21,59, costela mindinha R$ 17,19, filé mignon, R$ 48,17, picanha variando entre R$ 61,75 e 76,99.
Tem mais...
O quilo da carne de suínos R$ 19,27, frango R$ 6,86, tambaqui R$ variando entre R$ 11,18 e 22,90, pirarucu R$ 17,69, pintado R$ 26,90. Arroz, produzido em Rondônia, pacote com cinco quilos R$ 22,42, feijão de outros estados, o quilo a R$ 6,99, óleo de cozinha o litro R$ 6,89, açúcar pacote com dois quilos R$ 3,88, leite, o litro variando entre R$ 4,85 e 4,99. Os demais componentes da cesta básica sofreram majorações que variam entre, 9 e 14%.
Mais peixe
Os organizadores do evento “Tambaqui assado” no último final de semana, em dez municípios ficaram tão entusiasmados com os resultados obtidos, que já projetam lançar na mesma data no ano que vem um festival em todos os municípios de Rondônia. A proposta é de aumentar o consumo da carne de tambaqui. Em tempos de pandemia, a idéia não é das piores
Até a próxima
Em 1983, como repórter do Jornal do Brasil cobri a primeira eleição direta para governador de Mato Grosso do Sul, na disputa entre, Wilson Barbosa Martins (PMDB) e José Elias Moreira (Arena). José Elias Moreira apoiado pelo grupo político do ex-governador Pedro Pedrossian. Numa disputa acirrada. O último comício dos dois candidatos foi na cidade de Dourados no mesmo dia e horário. Por volta de 17: horas Pedro Pedrossian uma grande liderança política no novo estado desembarcou no aeroporto local. Em Dourados existia uma figura folclórica fanática pelo PMDB, conhecido como Zé Pinguinha. No meio dos arenistas lá estava Zé Pinguinha carregando Pedro Pedrossian nos braços. À noite depois dos comícios, um grupo de jornalistas jantavamos numa grande churrascaria no centro da cidade quando pintou no local, solicitando que Eu e Valfrido Silva da TV Morena (Globo) pagasse uma pinga. Valfrido cobrou: você faz campanha para o PMDB e vai carregar o Pedrossian nos braços? Zé Pinguinha respondeu: “calma paga a minha pinga que eu explico, eu só queria passar a mão na bunda dele”... Foi uma gargalhada total pagamos o trago e mais a janta do Zé Pinguinha. Wilson Barbosa Martins venceu a eleição por uma diferença de 20 mil votos.