Por Notícia ao Minuto - Portugal
Publicada em 18/11/2020 às 16h32
"Foram raptados por volta das 8h00 [hora local, 7h00 em Lisboa]", afirmou o diretor do Firm Foundation College, em Bamenda, Ayeah Michael, à agência noticiosa France-Presse.
O responsável afirmou que foram feitos reféns por "três ou quatro homens armados que falavam pidgin", uma língua local.
"Não estavam atrás dos alunos, apenas os professores interessavam aos raptores. Foi a primeira vez que fomos atacados e nunca tínhamos ameaçado", afirmou Michael.
A informação foi confirmada à agência noticiosa por uma fonte local das forças de segurança.
O ataque surge na sequência de uma série de raptos de professores e estudantes nas regiões anglófonas do país, que há quase quatro anos são palcos de um conflito sangrento.
As escolas tendem a ser alvos regulares de rebeldes.
Em novembro de 2019, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) assinalou que havia 855 mil crianças fora das escolas nas regiões anglófonas dos Camarões.
Cerca de 90% das escolas primárias públicas e 77% das escolas secundárias públicas estavam fechadas ou não estavam em operações.
Nas regiões anglófonas do Noroeste e Sudoeste dos Camarões, grupos armados e forças de seguranças destacadas pelo Governo central travam um conflito que levou a que ambos os lados sejam acusados por organizações não-governamentais e pelas Nações Unidas de cometerem crimes contra civis.
Desde 2017, os conflitos nas regiões anglófonas nos Camarões, assim como abusos e mortes de civis, causaram mais de três mil mortes e levaram mais de 700 mil pessoas a abandonarem as suas casas.
Os Camarões foram uma colónia britânica e francesa até 1960, ano em que o país conquistou a independência de ambas as potências e instituiu um Estado federal. Em 1972 foi celebrado um referendo, que deu luz verde à unificação do país.