Por Notícia ao Minuto - Portugal
Publicada em 04/11/2020 às 15h35
Na sua acusação datada de 28 de outubro de 2020, o Ministério Público pede que Kunti K., 45 anos, seja julgado por "atos de tortura" e "cumplicidade em atos de tortura que constituem crimes contra a humanidade", cometidos em 1993 e 1994, segundo a agência France-Presse.
Se os juízes de investigação aceitarem este pedido, será o primeiro julgamento da Unidade de Crimes Contra a Humanidade do Tribunal de Paris, criada em 2012, que não está ligado ao genocídio ruandês.
Uma investigação preliminar tinha sido aberta contra Kunti K., cidadão holandês naturalizado liberiano, na sequência de uma queixa apresentada em 23 de julho de 2018 pela organização não-governamental Civitas Maxima.
Foi emitido um mandado de captura e foi detido na região parisiense, em setembro de 2018, e acusado.
Na altura, os funcionários responsáveis pela aplicação da lei tinham indicado que Kunti K. tinha regressado a França em 2016 após deixar os Países Baixos e passar pela Bélgica.
Nascido em 01 de dezembro de 1974, foi comandante do Movimento de Libertação Unida da Libéria para a Democracia (Ulimo), uma fação de três grupos armados hostis ao movimento do ex-presidente da Libéria Charles Taylor (Frente Nacional Patriótica da Libéria, NPFL), na altura da primeira guerra civil naquele país da África Ocidental.
Este conflito, um dos mais atrozes do continente africano, custou cerca de 250.000 vidas, entre 1989 e 2003. Ficou marcado por massacres cometidos por combatentes frequentemente drogados, mutilações, violações utilizadas como arma de guerra, atos de canibalismo e o recrutamento forçado de crianças soldado.