Por Notícia ao Minuto - Portugal
Publicada em 13/11/2020 às 15h41
"[Guterres está] profundamente preocupado pelas possíveis consequências dos últimos desenvolvimentos" em Guerguerat, no Saara Ocidental, afirmou um porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, acrescentando que o secretário-geral "continua empenhado [...] em evitar uma escalada [militar] e o fim do cessar-fogo", em vigor desde 1991, entre Marrocos e a Frente Polisário.
A Frente Polisário denunciou à ONU que o "ataque" de Marrocos "viola cessar-fogo"
Hoje de manhã, em Rabat, fontes diplomáticas marroquinas, citadas pela agência noticiosa espanhola EFE, indicaram que as forças armadas de Marrocos entraram na área desmilitarizada no sul do Saara Ocidental para acabar com um bloqueio saarauí no posto fronteiriço de Guerguerat, garantindo tratar-se de uma operação "pacífica".
Por seu lado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros marroquino divulgou um comunicado no qual indica que Marrocos "deu todo o tempo necessário" a Guterres e à Missão das Nações Unidas para o referendo no Saara Ocidental (MINURSO) para solucionar o bloqueio, mas os seus esforços "foram em vão e o país decidiu agir (...) em plena conformidade com o direito internacional".
Já o secretário-geral da Frente Polisário, Brahim Ghali, denunciou hoje à ONU o "ataque marroquino" ao posto fronteiriço em Guerguerat, considerando-o uma "flagrante violação ao acordo de cessar-fogo" assinado em 1991.
Em Argel, as autoridades argelinas lamentaram já as "graves violações" ao cessar-fogo no Saara Ocidental e apelou ao fim "imediato" das operações militares após a intervenção do exército marroquino.
"A Argélia apela às duas partes, Marrocos e Frente Polisário, para darem provas de sentido de responsabilidade e de contenção", lê-se num comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Argélia, país que apoia tradicionalmente o movimento independentista saarauí.
Em Nouakchott, a Mauritânia apelou à "preservação do cessar-fogo" no Saara Ocidental e, tal como a Argélia, pediu "contenção" às duas partes, convidando-as a trabalhar na estabilização da situação.
A zona desmilitarizada onde está localizada Guerguerat é regida pelo chamado "Acordo Militar número 1", anexo ao acordo de cessar-fogo em vigor desde 1991 e assinado por Marrocos e o grupo Frente Polisário, que proíbe a entrada de militares, entre outras medidas.
No entanto, tanto Marrocos como a Frente Polisário são constantemente acusados de não cumprir o acordo com ações que violam o cessar-fogo.