Por Notícia ao Minuto - Portugal
Publicada em 16/11/2020 às 15h15
De acordo com o relatório do Federal Bureau of Investigation (FBI), hoje divulgado, 7.314 crimes de ódio foram registados nos EUA, em 2019, incluindo ataques violentos contra pessoas e propriedades, bem como crimes não violentos, como intimidação.
O relatório documenta 51 mortes por ódio, o maior número registado desde que o FBI começou a documentar este género de crimes em 1991, e mais do dobro dos 24 registados em 2018.
Dos 5.512 casos classificados como crimes de ódio contra pessoas, 40% foram intimidação, 36,7% agressão simples e 21% agressão agravada, que geralmente envolve o uso de arma.
Além dos 51 assassínios, o relatório documenta 30 violações de ódio e três crimes de tráfico de pessoas.
Como todos os anos, os crimes relacionados com racismo foram os mais numerosos, especialmente dirigidos contra os negros, mas houve também crimes contra hispânicos, judeus ou asiáticos.
Os crimes de ódio contra hispânicos aumentaram pelo quarto ano consecutivo e chegaram a crescer 527, 9% relativamente ao ano anterior, atingindo o nível mais alto desde 2010.
Os crimes denunciados contra judeus e instituições judaicas aumentaram 14%, o valor mais alto desde 2008.
Por sua vez, os crimes de ódio contra pessoas LGTBQ também aumentaram, incluindo um aumento de 18% nos dirigidos contra a comunidade transgénero, o valor mais alto até agora.
De acordo com o relatório, 57,6% das vítimas foram agredidas por preconceito racial, 20,1% por motivos religiosos e 16,7% por causa da orientação sexual da vítima.
Dos 6.406 casos em que foi identificado o agressor, 52,5% eram brancos e 23,9% negros.
O Southern Poverty Law Center (SPLC), uma organização de combate o racismo, disse que o relatório subestima os crimes de ódio, já que dos 15.588 organismos de segurança pública que participaram da recolha de dados, apenas 2.172 (menos de 14%) relatou um caso, para além do facto de muitos crimes de ódio não serem denunciados.
No entanto, o SPLC salientou que o relatório serve como barómetro de tendências e, nesse sentido, reflete "uma ameaça crescente de violência da extrema-direita".
O relatório mostra que racismo, sentimento anti-hispânico, antissemitismo e homofobia continuam a ser problemas prementes nos EUA.
Estes dados reforçam os dados de pesquisas do SPLC, segundo as quais grupos de ódio nacionalistas brancos aumentaram 55% entre 2017 e 2019, ou seja, durante a Presidência de Donald Trump.