Por José Luiz Alves
Publicada em 11/12/2020 às 08h50
O técnico de inspeção...
No Rio Grande do Sul, existe a figura do “Técnico de Inspeção”, que desenvolve suas atividades na Secretaria de Saúde, oriundos de curso médio de dois anos, equivalente ao enfermeiro, mas que prática auxilia o médico veterinário, nos frigoríficos, abatedouros, açougues, bares e restaurantes, sem o poder de multar ou determinar fechamento estabelecimentos comerciais e barracas nas feiras livres, porém com a função de orientar, preservando a saúde da população.
Se um comerciante, na área de gêneros alimentícios for flagrado em desacordo com a legislação é notificado por escrito pelo “Técnico de Inspeção” dando-lhe um prazo para regularizar a situação. A partir deste ponto, caso existe reincidência ou descumprimento da ordem entra ação às esferas superiores. Via de regras, as orientações técnicas sempre são bem recebidas e cumpridas sem querelas jurídicas e gasto de tempo. Funciona que é uma maravilha.
Na juventude fiz o curso de “Técnico de Inspeção” realizado na época por meio de convênio entre as secretarias de Saúde e Agricultura, mesmo já tendo me declinado profissionalmente para o jornalismo. Cumpri todos os estágios na área de saúde, animal e vegetal, nos mercados e feiras livres, além de bares e restaurantes convivendo com situações delicadas, intermediando com dialogo questões sociais diferentes, de um lado consumidores e de outros comerciantes. Não tomava partido, mas orientava conforme as aulas teóricas e praticas dentro do formato que reza a legislação.
Como os demais alunos a maioria jovens, também cumpríamos plantões nas redes de supermercados e demais pontos de comercialização de alimentos. O Mercado Público de Porto Alegre comercializa de tudo funcionando 24 horas. Um sábado véspera de Natal, fui designado para cumprir ali um plantão de 12 horas das 6 da matina às 18 horas. Naqueles tempos existia uma sala com todo o conforto onde o “Técnico de Inspeção” permanecia, quando não estava visitando as tendas e barracas e outros estabelecimentos.
Por volta de umas 9:00 horas o Mercadão estava lotado de clientes. Uma madame com uma sacola transportando três espécies de pescados do mar procurou o “Técnico de Inspeção” alegando que havia adquirido os pescados numa determinada banca e que ao chegar em sua residência constatou que o pescado não apresentava condições de consumo. Queria outros pescados ou dinheiro de volta.
Estava diante de uma questão em que se fazia importante uma boa conversa, sem perder a autoridade, conquistando respeito de duas figuras diferentes mostrando conhecimento. Deixei a madame reclamar ouvindo também as resposta do “peixeiro”. Ele alegou que o pescado estava em boas condições no momento da aquisição, e que não podia devolver o dinheiro e nem trocar a mercadoria. Pensei: agora chegou a minha vez...!
Pedi licença dizendo: “deixei-me examinar os pescados”. Ele balbuciou mas não tinha outra alternativa a não ser a violência, porém estava diante de uma autoridade sanitária que fato e direito ali era EU, apesar de ainda muito jovem. Examinei as “guelrras” dos pescados a escuridão dos olhos, além de apresentar um odor forte constatando que realmente não apresentavam condições para o consumo humano.
Falei em tom educado que aqueles pescados não poderiam ser comercializados, orientando pela troca por outros com o mesmo peso e valores entregue para a madame e retire da banca estes peixes. Ele respondeu: “se eu não fizer o que vai acontecer?” Respondi firme: “Chamo a Brigada Militar, o veterinário de plantão, eles fecham tua banca te multam e ainda te levam detido...” No Sul quando se fala em chamar a Brigada Militar, os “machos borram na bombacha”. Ele chamou a madame, trocou o pescado, ela saiu feliz e ele ainda me agradeceu.
Relatei este pequeno episódio, entre tantos outros que vivenciei, com objetivo de alertar as autoridades sobre a importância de uma fiscalização isenta e preparada para tratar com as complexidades da compra e venda de alimentos numa capital como Porto Velho, onde quer que se vá não se vê a figura de um agente público que oriente feirantes e consumidores, bem como em outros estabelecimentos, só aparecem para multar. A orientação e educação são muito mais importantes do que multas que geram despesas e nem sempre cumprem com suas finalidades.
Investimento!
No ano safra de 2020/2021, até novembro deste o Banco do Brasil aplicou no crédito agrícola em investimento, R$ 466,7 milhões, no crédito fundiário, agricultura empresarial, Pronaf agricultura familiar R$ 349,8 milhões, para estocagem e comercialização R$ 11,5 milhões, somente em números redondos para investimentos foram liberados até o final do mês de novembro R$ 466,7 milhões.
Custeio!
Na agricultura empresarial o Banco do Brasil, R$ 200,8 milhões e no Pronaf e agricultura familiar R$ R$ 145,6 milhões. Na composição do agronegócio em Rondônia computando somente os meses de junho a novembro de 2020, conforme explica o superintendente da instituição Edson Lemos, foram liberados em números redondos, R$ 824,7 milhões. Somados com os investimentos da safra de 2019/2020, então chega-se a soma de R$ 1,5 bilhão liberados para o estado de Rondônia.
Pujança no campo !
Veja agora em números totais, incluindo os quebrados e avalie a pujança do campo em Rondônia, até quatro de 11 de novembro deste ano, com pandemia e outras crises. Fora investido em bovinos misto R$ 328.412. 292. Bovinos de carne R$ 205.707.552. Bovinos de leite, R$ 134.990.785. Na produção de soja R$ 64.805.120. Algodão 24.468.020. Milho R$ 17.262.349. Café R$ 11.713.753. Piscicultura R$ 4.624.965. Arroz R$ 1.504.238. Outros investimentos R$ 31.222.895. Somando tudo em seis meses, estes valores representam em R$ 824.711.969 milhões, por isso o agro não pode parar em Rondônia.
Oscilou...!
Arroba do boi gordo oscilou para baixo na última semana nas maiores praças do País. Em Rondônia, arroba foi comercializada por R$ 232,50 a vista e R$ 234,50 com 30 dias de prazo. Uma queda de 9,11%, no entanto, nos açougues e gôndolas de supermercados o consumidor ainda não sentiu essa diferença, o churrasco do Papai Noel continua salgado.
Até a próxima
Como relata a paca escrita no final da carroceria do caminhão de carga: se parar o banco toma, se correr o guarda pega. Na outra placa lia-se o seguinte numa jamanta carregada de suínos, não sou Gremista, mas carrego a torcida. Boa leitura e bom final de semana, não esqueçam usem máscara e evitem aglomerações o coronavirus, continua sem dar tréguas.