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Por G1
Publicada em 02/12/2020 às 10h08
Parlamentares de Israel aprovaram a dissolução do próprio Parlamento, em votação preliminar nesta quarta-feira (2). Ainda há outros três turnos para os congressistas confirmarem a medida, mas a decisão coloca o país mais perto de novas eleições.
A decisão foi tomada um dia depois de o ministro da Defesa Benny Gantz dizer que apoiaria a dissolução do Knesset, nome dado ao Parlamento israelense. O político, líder do partido Azul e Branco, tem dado claros sinais de rompimento com o primeiro ministro Benjamin Netanyahu (leia mais no fim da reportagem).
Além das disputas do xadrez político israelense, o estopim para a crise está na aprovação do orçamento anual, cujo prazo termina em 23 de dezembro. Se isso não ocorrer, o Knesset estará automaticamente dissolvido e Israel terá de passar por novas eleições, segundo determina a lei local.
Portanto, a votação dos parlamentares desta quarta-feira tem sido interpretada como mais um instrumento de pressão do grupo favorável a Gantz sobre Netanyahu, uma vez que lideranças políticas acreditam ser inevitável a convocação de novas eleições em 2021.
Os opositores querem ver o atual primeiro-ministro punido nas urnas pela gestão considerada errática durante a pandemia, com uma segunda onda que não pode ser evitada. Do outro lado, os apoiadores de Netanyahu esperam que o próximo ano seja favorável ao premiê com a chegada de vacinas e retomada econômica.
Coalizão de rivais políticos
Rivais políticos, Netanyahu e Gantz concordaram em formar governo de ampla coalizão em abril deste ano. A aliança foi construída para evitar uma quarta eleição em meio à pandemia do coronavírus.
Antes desse acordo, os israelenses passaram por três eleições gerais consecutivas sem que houvesse a formação de uma maioria capaz de governar o país — Israel adota um sistema parlamentarista em que o governo é formado pelo líder que conseguir apoio de mais assentos no Knesset, seja por uma vitória esmagadora do partido ou por meio de alianças e coalizões.
Em comunicado publicado na terça-feira, Gantz criticou Netanyahu por não aprovar um plano de orçamento de dois anos e por "não cumprir promessas" do acordo de coalizão firmado entre os dois rivais. O ministro ainda acusou o premiê de tentar apenas escapar do julgamento em que é acusado por corrupção.