Por Rondoniadinamica
Publicada em 12/12/2020 às 10h00
Porto Velho, RO – A bancada federal de Rondônia não entendeu uma coisa ainda: pouco interessa à sociedade rondoniense a origem do DNA da diminuição nas contas patrocinadas pela Energisa no estado.
Essa briga pela paternidade de algo que jamais deveria ter acontecido é horrenda, ridícula, patética, beira, inclusive, à insanidade.
Senadores e deputados estão atabalhoados em releases encaminhados às redações, além de veiculações em rede social, tentando convencer o povo de seus engendramentos miraculosos a fim de obrigar a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) a revisar a taxa tarifária (-11,29%).
Resguardadas as devidas proporções, a insistência em promover balelas e pulverizar papo furado relembra a disputa do passado recente sobre o dono (a) da pauta referente à transposição dos servidores estaduais para os quadros em extinção da União.
Aliás, diga-se de passagem, é tema ainda não findado e que reverbera até hoje nos corredores do Congresso Nacional.
Assuntos distintos, porém, unidos por uma sanha desenfreada de apropriação política e colheitas vindouras de dividendos eleitorais.
E não é só em Brasília. O mesmo acontece aqui em Rondônia com os representantes regionais. Todos querem uma casquinha daquilo que deveriam ter evitado no momento oportuno. Ou seja, quando se desencadeou o processo de concessão da Ceron (Eletrobras à ocasião) e não houve um pio por parte dessa gente que se vangloria de colocar Band-Aid para estancar a sangria de um corpo partido ao meio.
Por uma questão de justiça é preciso lembrar que o alerta foi feito pelo Sindicato dos Urbanitários de Rondônia (Sindur).
A mensagem era clara: “Se privatizar a Ceron quem vai pagar a conta é a população”.
Uma trágica – e óbvia –, previsão para o futuro: em suma, para o hoje, o agora.
Na audiência pública que discutiu a venda a preço de banana, nenhum parlamentar.
Todos eles aparentemente tinham medo de vociferar contra o discurso neoliberal que visava a desestatizações em massa desenhando a assunção das distribuidoras de energia elétrica pela iniciativa privada como espécie de primeiro passo para uma revolução econômica fora de precedentes.
Acintosa, a Energisa assumiu as rédeas e logo começou a abusar do consumidor de todas as maneiras possíveis. E é justamente por isso que há inclusive uma CPI tratando de todas essas questões no seio da Assembleia Legislativa (ALE/RO).
O último arquétipo do escárnio está no canal oficial da concessionária no YouTube: a empresa contratou um humorista meia-boca que, entre outros impropérios, coloca a culpa no comportamento dos consumidores e no clima quente pelo acréscimo desregrado nas tarifas de energia que recebem em casa.
RELEMBRE
Energisa culpa o clima por valor alto na tarifa: comediante pede para a população chupar sorvete
Claro, ele lê um roteiro. O cara é rico, não tá nem aí pra quem quer que seja. O que ele vocaliza é milimetricamente pensado pelos redatores contratados pelo empreendimento.
Pra piorar, o cidadão, vestido de conta da Energisa, uma cena tragicômica, sugere que você, leitor (a), chupe um sorvete para “esfriar a cabeça”.
É troça. É pirraça. É sacanagem.
E os políticos de Rondônia discutindo quem é pai ou mãe de uma revisão irrisória sacramentada pela ANEEL.
É...
O sorvete até que cairia bem...