Por G1
Publicada em 09/12/2020 às 14h58
A chanceler alemã, Angela Merkel, pediu nesta quarta-feira (9) que o Parlamento aprove mais restrições em toda a Alemanha até a primeira quinzena de 2021. A medida é uma forma de enfrentar um novo aumento nos números de casos e mortes por Covid-19 no país.
"Lamento muito, mas se isso [menos restrições] significa pagar um preço diário de 590 mortes, do meu ponto de vista, é inaceitável", disse Merkel.
Apenas nas últimas 24 horas, a Alemanha registrou 590 mortes por Covid-19. Essa contagem é maior do que a registrada durante a primeira onda da pandemia no continente europeu, entre março e abril deste ano, quando o país chegou a registrar um pico de 510 mortes em apenas um dia.
"Há muito contato entre as pessoas", afirmou a chanceler, citando como exemplo as barracas de comida montadas nos tradicionais mercados de Natal do país.
Um grupo de especialistas alemães defende o fechamento do comércio não essencial e de escolas entre o Natal e meados de janeiro. Merkel endossou esta proposta.
"Temos de fazer de tudo para evitar uma progressão exponencial no número de casos", insistiu a chanceler.
Angela Merkel diz que vacina não significa o fim da prevenção
Merkel reconheceu que as autoridades do país não poderão fornecer vacinas contra o coronavírus a um número suficiente de pessoas para promover uma grande mudança no curso da pandemia ainda no primeiro trimestre de 2021 (veja no vídeo acima).
No entanto, ela disse aos parlamentares que a vacinação, vai contribuir com a redução no número de mortes por complicações da Covid-19 no país.
Redutos da extrema-direita
As zonas mais afetadas na Alemanha pela segunda onda da pandemia do coronavírus são redutos da extrema-direita, contrárias às medidas de restrição e adeptas de teorias da conspiração.
"É surpreendente constatar que as regiões mais afetadas são aquelas em que o voto no partido de extrema-direita foi mais elevado nas últimas eleições legislativas, de 2017", avaliou o comissário de governo da Saxônia, Marco Wanderwitz, em entrevista à agência France Presse.
O estado registrou a taxa de incidência mais elevada da Alemanha, com 319,4 casos por 100 mil habitantes, na terça-feira (8), quando a média federal foi de 114,2 por 100 mil, segundo o Instituto Robert Koch.
Uma equipe do Instituto para a Democracia e a Sociedade Civil, com sede na região vizinha Jena, publicou um estudo sobre "a correlação estatística forte e muito significativa" entre o voto no partido de extrema-direita e a intensidade da pandemia.
Matthias Quent, diretor do instituto, ponderou, no entanto, que "podem existir fatores que expliquem os altos resultados do partido de extrema-direita e, ao mesmo tempo, valores de incidência elevados, sem que a correlação entre os dois seja o único fator explicativo".
A proporção de pessoas idosas e de famílias numerosas, a presença de trabalhadores transfronteiriços e até mesmo a organização de um sistema de atendimento, diferente de acordo com os estados, também influenciam nas dinâmicas da pandemia.