Por France Presse
Publicada em 05/12/2020 às 08h49
O presidente Donald Trump ordenou a retirada da Somália da "maioria" das forças americanas militares e de segurança, que realizaram operações contra o grupo jihadista Al Shabab, anunciou o Pentágono nesta sexta-feira (4).
Trump "instruiu o Departamento de Defesa dos Estados Unidos e o Comando da África a realocar a maior parte do pessoal e ativos na Somália até o início de 2021", disse ele em um comunicado.
"Trata-se de uma mudança de posição das forças, não da política dos Estados Unidos", acrescentou.
"Parte das tropas pode ser realocada fora da África Oriental. O resto se mudará da Somália para os países vizinhos para permitir operações transfronteiriças pelos Estados Unidos e forças aliadas para manter a pressão sobre organizações extremistas violentas", disse ele.
Cerca de 700 soldados das forças especiais dos EUA treinam e aconselham o exército deste país do Chifre da África contra os jihadistas do Al Shabab, afiliados à Al-Qaeda.
"Os Estados Unidos não estão se retirando ou se separando da África", disse o Pentágono.
"Continuaremos a enfraquecer organizações extremistas violentas que potencialmente ameaçam nosso território", acrescentou ele, prometendo "manter a capacidade de realizar operações de contraterrorismo direcionadas na Somália".
Também deve continuar suas atividades de inteligência. Esses anúncios respondem ao desejo de Donald Trump de retirar os militares dos principais palcos de operações no exterior e "encerrar as guerras sem fim da América", um desejo compartilhado pela maioria da opinião pública.
Desde a vitória do democrata Joe Biden nas eleições presidenciais de novembro, o magnata republicano, embora ainda não tenha admitido a derrota, tenta acelerar a retirada de tropas em vários países, incluindo Afeganistão e Iraque, antes da transferência do poder em 20 de janeiro.
O Al Shabab continua sendo uma grande ameaça na Somália e na região, afirmou o Inspetor Geral do Pentágono em um relatório muito recente.
O grupo "mantém a capacidade de adaptação e resistência e pode atacar os interesses ocidentais e de seus parceiros na Somália e na África Oriental", disse ele.
O próprio chefe do Estado-Maior dos Estados Unidos, o general Mark Milley, admitiu na quarta-feira que o Al-Shabab continua sendo "uma ameaça" que deve ser "vigiada".
Milley explicou que os Estados Unidos estavam buscando o melhor equilíbrio para minimizar os riscos humanos e financeiros enquanto conduziam "operações antiterroristas" eficazes.
"Mas nenhuma dessas operações é isenta de riscos", alertou ele, lembrando-se da morte no mês passado de um agente da CIA na Somália.
No fim de novembro, logo após essa morte, o secretário de Defesa em exercício dos Estados Unidos, Chris Miller, visitou o país africano para passar o feriado de Ação de Graças com suas tropas, quando a decisão de uma retirada já era esperada.