Por Combate.com
Publicada em 09/01/2021 às 10h36
Um dos grandes nomes da trocação brasileira na atualidade, Alex “Poatan” Pereira é campeão dos médios e interino dos meio-pesados do Glory, o principal evento de kickboxing do mundo. Mas 2020, porém, foi um ano bem voltado para o MMA na carreira dele.
Tudo começou quando embarcou para os EUA para ajudar na preparação de Glover Teixeira para a luta contra Thiago Marreta no UFC.
- A minha ida para os EUA treinar com o Glover foi muito boa. Fiquei lá quatro meses, e esse tempo fiquei focado no MMA. Fui por intermédio do Joinha, que é meu empresário e do Glover. O intuito era de alguma forma ajudá-lo na parte em pé, pois ele ia lutar com o Marreta, que é um striker. Eu sabia que no fundo eu ia pra ajudar, mas também seria muito ajudado. Foi uma ótima experiência. O que mais ajudou nem foi a parte de dicas, foi mais o gás mesmo, porque eu me considero um cara duro, mesmo não tendo essa rodagem toda na parte de MMA, me considero um treino bom pra ele. E vice-versa. Ele me ajudou em tudo, principalmente na parte de wrestling, na parte agarrada, me ajudou demais - disse Poatan em entrevista ao Combate.com.
Por ter participado da preparação de Glover, o brasileiro viu de perto todo o trabalho de seu compatriota, e está seguro que ele é um forte candidato ao título dos meio-pesados, inclusive se o campeão for Israel Adesanya. O nigeriano, que irá desafiar Jan Blachowickz em março, foi derrotado duas vezes por Poatan no kickboxing, e ele sabe que pode desvendar os caminhos para quebrar a invencibilidade de Adesanya no MMA.
- A hora é agora. O Glover merece, o mérito é todo dele, pois vem numa sequência boa de vitórias. E é até fácil falar disso, pois treinei com o cara, fiquei lá quatro meses, já treinei com bastante caras duros e sei das qualidades. As pessoas priorizam muito a parte de grappling dele, mas esquecem da trocação. Ele é um cara completo. Luta é luta, mas tem grandes chances dele se tornar campeão do UFC. E eu acredito muito, de verdade. Treinei com ele e sei como é.
- O Glover está pronto pra qualquer um. Se for contra o Adesanya, melhor ainda, porque eu vou estar junto com o Glover, a gente vai manter esses treinos juntos. Já tenho a programação para o próximo camp dele. Quando ele precisar também, ele pode vir para o Brasil ou eu posso ir para os EUA, não tem problema algum, mas se for contra o Adesanya é melhor ainda porque eu sei onde ele tem que ir. Vou poder ajudar muito.
Após contribuir para a vitória de Glover no confronto contra Marreta, Poatan, que até então tinha apenas três lutas de MMA na carreira, com duas vitórias e uma derrota, assinou contrato com o LFA e estreou com uma vitória por nocaute, em dezembro, diante de Thomas Powell.
- Eu assinei com o LFA porque é um evento com boa visibilidade, de nome e foi muito bom pra ter feito essa luta. Como eu já estava nos EUA e já era um desejo meu de lutar MMA, aproveitei que eu estava treinando, já tinha tudo, aí resolvi fazer essa luta. A gente estava treinando bem, vimos minha evolução e então o Joinha junto com o Ed Soares conseguiu marcar uma luta pra mim, e ela foi um sucesso. Ele teve muita repercussão por conta do grande nocaute. Foi uma experiência muito boa essa minha ida pra lá.
O brasileiro conta que a volta ao MMA foi em um ótimo momento e que todo seu desempenho, dos treinos até o resultado final da luta, fez com que ele ficasse 100% satisfeito.
- Eu já vinha treinando no Brasil, mas muito pouco, quando cheguei nos EUA pra treinar com o Glover abri mais a mente, dei prioridade para os treinos de MMA. A gente fez uma estratégia que foi 100% cumprida. O adversário foi um adversário justo. Eu tinha três lutas de MMA, e o cara que enfrentei era mais experiente do que eu. Então treinei muito pra essa luta. Foi um nocaute bem assustador. Confesso que fiquei um pouco assustado e preocupado ali. Na hora que a gente está ali dentro, um quer finalizar ou nocautear o outro, e eu fui mais esperto, estava mais treinado, meu gás estava muito bom, então não deu outra. Na pesagem, eu sempre mantenho 95 ou 96kg, bati 84kg. O corte de peso, que sempre dá trabalho, foi bem tranquilo. No kickboxing eu bato 85kg, e pra essa luta foi 84kg, teoricamente seria mais difícil, mas desta vez foi mais fácil do que das outras vezes. Eu estou sempre buscando aprender a como tirar o peso melhor, como treinar melhor, então essa luta foi 100% bem aproveitada. Lutei para um público diferente (do que o do kickboxing), então estou conquistando dois tipos de público, o da parte em pé e do MMA. Pra mim, foi muito bom.
Veja abaixo o nocaute aplicado por Poatan:
No próximo dia 30, Poatan volta ao Glory para enfrentar Artem Vakhitov, atual campeão dos meio-pesados, em disputa que vale a unificação da categoria. Segundo o brasileiro, a ideia é conciliar as duas modalidades.
- Vamos unificar os cinturões do meio-pesado. É uma luta que todo mundo quer ver, está sendo uma luta bem aguardada. Vai ser uma guerra. Ele vem mostrando porque é o campeão, e não lutou esse tempo todo por algum motivo, mas o que importa é que a luta vai rolar. Como eu tenho contrato com o Glory e o LFA, que eu assinei por quatro lutas, toda luta que eu for fazer de MMA o Glory tem que autorizar, então eu consegui lutar o LFA porque o Glory autorizou. No meu contrato eu posso fazer duas lutas de MMA por ano, então creio que vou conseguir fazer os dois. Vou treinar bem os dois pra estar pronto e bem preparado. Eu não tenho um cronograma do que eu vou fazer depois. Vou fazer essa luta agora dia 30, claro que quero ganhar, estou me preparando muito pra essa luta, estou em um ótimo ritmo. Depois, o que eles decidirem, em qual peso quiserem que eu lute, pra mim é indiferente. Consigo tirar peso com facilidade. Só não queria fazer lutas no médio o tempo todo, quero intercalar. Por mais que eu consiga tirar o peso com facilidade, é um desgaste a mais, então quero dar uma descansada de perda de peso, isso me ajudaria.
Na mesma noite em que enfrenta Vakhitov, Poatan ainda verá sua irmã, Aline Pereira, disputando o cinturão super-galo (55,3kg) contra Tiffany Van Soest.
- Vai ser muito bom ela lutar no mesmo dia que eu. Estou muito feliz. Nós tínhamos a opção de escolher que um lutasse em um evento e o outro em outro evento, mas achei bem melhor ela lutar já nesse evento que vou lutar. A gente vem treinando juntos, já aconteceu de lutarmos num mesmo evento, e sempre deu certo. Luta é luta, mas a gente está treinando pra dar o melhor. Vai ser muito bom pra quem acompanha nosso trabalho, a diferença é que vão ser duas emoções no mesmo dia. Pra quem gosta da gente, vai ser muito bom.