Por RFI
Publicada em 16/01/2021 às 09h23
O ex-jornalista Armin Laschet, 59 anos, que encarna a continuidade da linha moderada adotada nos últimos 15 anos pela chanceler alemã, Angela Merkel, foi eleito neste sábado (16) presidente do partido União Democrata Cristã (CDU). Ele se torna um candidato potencial à sucessão de Merkel nas eleições legislativas de setembro de 2021.
Pela primeira vez em 21 anos, um homem comandará a CDU. Laschet, atualmente ministro-presidente da região Renânia do Norte-Vestfália, um dos 16 estados alemães, obteve 521 votos dos 1.001 delegados convocados para votar no congresso do partido conservador, realizado de forma virtual devido à epidemia do novo coronavírus.
Ele venceu a disputa contra o empresário Friedrich Merz, um defensor do liberalismo econômico e adversário histórico de Merkel, que militava por uma guinada à direita na orientação do futuro governo. Merz obteve 466 votos no segundo turno da votação online. O independente Norbert Rottgen, especialista em relações internacionais, foi derrotado na primeira rodada do sufrágio.
"Quero que tenhamos sucesso juntos, para garantir que a União [CDU] seja levada à Chancelaria em setembro", reagiu Laschet após sua vitória. O político, que completa 60 anos em 10 de fevereiro, vai suceder no comando da CDU outra aliada de Merkel, Annegret Kramp-Karrenbauer, que ocupou o cargo de vice-chanceler e teve uma passagem curta na presidência da sigla.
Armin, "o turco"
O novo líder da CDU é um conservador moderado, um aliado que mantém uma relação de confiança com Merkel. Pai de três filhos, católico praticante, ele apoiou a política de acolhimento de refugiados em 2015, praticamente o único momento na longa gestão de Merkel em que ela teve sua popularidade ameaçada, passando meses enfraquecida dentro do país e na União Europeia.
Suas convicções sobre o tema da imigração são antigas. A política liberal de integração que aplicou quando foi ministro, em 2005, lhe rendeu o apelido de "Armin, o turco" dentro da CDU. A diversidade étnica não é "uma ameaça, mas um desafio e uma oportunidade", disse ele em 2009.
O ex-jornalista também se apresenta como um "europeu apaixonado". Ele foi eleito deputado do Parlamento alemão em 1994. Cinco anos depois, conquistou uma cadeira no Parlamento Europeu.
Laschet diz ser um admirador de Carlos Magno, o "pai da Europa", cuja capital do Império Carolíngio (800-888) estava localizada em Aix-la-Chapelle, cidade onde Laschet nasceu. Uma biografia recente sobre ele garante que a família Laschet não descarta a descendência do famoso imperador, o que lhe rendeu comentários divertidos na mídia.
Desde 2017, Laschet lidera a região mais populosa da Alemanha, a Renânia do Norte-Vestfália, onde teve de enfrentar a pandemia do coronavírus na linha de frente, com resultados parcialmente satisfatórios. Em meados do ano passado, ele foi muito criticado por ter defendido cedo demais o levantamento progressivo das restrições para salvar a economia.
Laschet tem um filho "influencer" nas redes sociais. Ele poderá se beneficiar da dupla que forma com o ministro da Saúde, Jens Spahn, muito popular devido à epidemia, apesar das críticas à estratégia de vacinação.
Em seu pronunciamento na abertura do congresso, na sexta-feira (15), Merkel havia rejeitado a polarização e defendido uma orientação centrista, moderada e pragmática, que ajude a Alemanha a superar os desafios impostos pela pandemia, que já deixou mais de 45.700 mortos no país.