Por Professor Nazareno
Publicada em 11/01/2021 às 08h36
Professor Nazareno*
Os lamentáveis acontecimentos políticos de seis de janeiro de 2021 nos Estados Unidos, que abalaram a democracia da maior potência econômica, militar e cultural da atualidade, mandaram um tenebroso recado para o resto do mundo. O alerta foi disparado e países com regimes democráticos muito jovens como o Brasil podem “mergulhar de cabeça” em aventuras irresponsáveis e inconsequentes. A extrema-direita norte-americana capitaneada pelo maluco e psicopata Donald Trump só não triunfou no golpe de Estado por que as Forças Armadas daquele país não lhe deram o apoio esperado para consumar a morte da forte democracia local. No Brasil, governado por um lunático igual ou pior do que o fanfarrão americano, o recado para a virada do jogo político em 2022 já foi dado. E por aqui não há um establishment como nos EUA.
O Congresso americano tem uma forte tradição democrática. Os políticos de lá além de serem nacionalistas têm na defesa da democracia o seu maior trunfo, embora Nancy Pelosi desconfie de que Trump possa desencadear um ataque militar ou mesmo nuclear contra alvos dentro do próprio país. Muito diferente do Congresso Nacional do Brasil que mais se parece com um bordel de quinta categoria. Aqui não há ideologia política nenhuma a não ser a ganância pelo poder e pelo dinheiro. Verbas públicas de preferência. Em nosso país, de um modo geral, não existem políticos de direita nem de esquerda, muito menos nacionalistas ou democratas. Há apenas um bando de salafrários que querem ficar cada vez mais ricos e poderosos à custa do suado dinheiro dos nossos impostos. Para essa gente, não interessa o regime nem a ideologia que está no poder.
Além dessa cambada de patifes celerados e ambiciosos, há as Forças Armadas. E dentro da maioria de muitos quarteis brasileiros lamentavelmente ainda reina uma mentalidade golpista que não perdoa o fato de ter sido escorraçada do poder pelas circunstâncias advindas com o fim do Comunismo no ano de 1985. Tudo isso apesar dos privilégios que ostentam até hoje. O próprio presidente da República, um fracassado capitão do Exército, é oriundo desse pensamento tacanho e retrógrado. Democracia é um mero detalhe para grande parte dessa gente. Num pretenso ataque às instituições democráticas em 2022, choveria apoio de várias alas reacionárias da sociedade. Além do mais, num país de analfabetos políticos, onde mal se tem o que comer, qualquer “esmola oficial” fará com que muitos aceitem o horror de uma ditadura militar ou civil.
Isso sem falar numa imprensa vendida em sua grande maioria onde “jornalistas” reacionários, conservadores, despolitizados e “coxinhas” não se cansam de tecer loas aos ditadores de plantão, que lhes presenteiam com polpudas verbas públicas. O puxa-saquismo da mídia brasileira aos governantes de hoje só não é maior por que, por falta de visão, burrice e estupidez do próprio Bolsonaro, muitas verbas foram cortadas sem maiores explicações. Como se vê, o atual presidente do Brasil pode até perder as próximas eleições, mas do cargo não sairá tão facilmente. A ameaça está sendo dada todos os dias em suas declarações. O ovo da serpente está chocando e só aguarda a hora de agir. Nossa sorte é que a União Europeia e mesmo os Estados Unidos de Joe Biden não darão vida fácil aos usurpadores do poder. A extrema-direita deu seu último suspiro com a saída do Trump nos EUA, que têm uma Suprema Corte diferente do nosso STF.
*Foi professor em Porto Velho