Por G1
Publicada em 13/01/2021 às 16h34
Com segurança reforçada no Capitólio, congressistas começaram a analisar nesta quarta-feira (13) o segundo processo de impeachment do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Câmara dos Representantes.
Como a maioria da Casa é democrata, Trump deve se tornar o primeiro presidente americano da história a sofrer dois impeachments. Desta vez, ele é acusado formalmente de incitar à violência que resultou na invasão do Capitólio, a sede do Congresso americano, na semana passada.
Ao contrário do Brasil, o presidente dos EUA não é afastado quando o processo de impeachment é aprovado na Câmara. A remoção definitiva só ocorre caso o processo seja aprovado também pelo Senado.
Assim, Trump deve permanecer no cargo até a próxima quarta-feira (20), quando Joe Biden será empossado.
Na terça-feira (12), o presidente americano falou com jornalistas pela primeira vez desde a invasão e afirmou que há "muita raiva" sobre o novo processo de impeachment e que se trata da "continuação da maior caça às bruxas da história da política".
No primeiro impeachment, Trump foi condenado pela Câmara mas absolvido pelo Senado (e nenhum deputado republicano e só um senador do partido votou contra o presidente). Desta vez, já são cinco deputados os que anunciaram que vão votar pelo impeachment (veja mais abaixo).
Votação no Senado
Nunca um presidente americano teve o impeachment aprovado no Senado. Antes de Trump, Andrew Johnson e Bill Clinton também tiveram seus processos de impeachment aprovados pela Câmara e foram absolvidos pelos senadores. Já Richard Nixon renunciou antes de o processo ser votado na Câmara.
A dúvida é se os senadores republicanos que romperam com Trump conseguirão formar a maioria de dois terços no Senado para destituí-lo (na Câmara é preciso apenas maioria simples para o processo avançar). Outra incógnita é se o Congresso pode seguir com o impeachment após o presidente deixar o cargo.
Apesar disso, o líder do Partido Republicano, Mitch McConnel, afirmou a interlocutores que está satisfeito que os democratas estão tentando tirá-lo da Casa Branca e que o presidente cometeu crimes passíveis de impeachment, segundo o jornal "The New York Times".
McConnell, senador pelo Kentucky que apoiava Trump até a invasão ao Capitólio - que resultou em cinco mortes -, disse reservadamente que será mais fácil expulsar Trump do partido com o impeachment.
Dissidência na Câmara
Entre os congressistas que anunciaram voto contra Trump estão:
Liz Cheney, deputada por Wyoming: terceira republicana mais importante da Câmara e filha do ex-vice-presidente dos EUA Dick Cheney, afirmou que votará pelo impeachment pelo papel que o presidente teve na "morte e destruição no espaço mais sagrado de nossa República";
John Katko, deputado por Nova York: ex-promotor federal, foi o primeiro republicano a anunciar publicamente que apoiaria o impeachment;
Adam Kinzinger, deputado por Illinois: crítico frequente de Trump, afirmou que o presidente americano "encorajou uma multidão enfurecida a invadir o Capitólio dos Estados Unidos";
Fred Upton, deputado pelo Michigan: disse em comunicado que votaria pelo impeachment após o Trump “não expressar arrependimento” pelo que aconteceu no Capitólio;
Jaime Herrera Beutler, deputada pelo estado de Washington: disse que votaria pelo impeachment por acreditar que o presidente violou seu juramento: "Vejo que meu próprio partido será melhor atendido quando aqueles entre nós escolherem a verdade".
Biden não toma posição
Ao contrário dos congressistas democratas — como a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, e o líder do partido no Senado, Chuck Schumer —, o presidente eleito dos EUA, Joe Biden, se recusou a endossar o processo de impeachment e deixou a decisão a cargo do Congresso.
O futuro presidente não quer inflamar os ânimos entre os republicanos e agregá-los novamente em torno de Trump, em um momento em que o presidente e seu partido estão enfraquecidos. Ele também foge do desgaste político, da paralisia legislativa e de um desvio de rota de sua agenda no Congresso.
Para Biden, o ideal seria que o processo de impeachment sofresse uma pausa no Senado. Assim, não poria em risco os planos para combater a pandemia do novo coronavírus e seus reflexos na economia americana.