Por Emanuelle Pontes e Mineia Capistrano
Publicada em 11/01/2021 às 10h19
O Governo, por meio da Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa) em conjunto com o Hospital Infantil Cosme e Damião (Hicd), chama a atenção dos pais e responsáveis para os cuidados de prevenção contra o novo Coronavírus entre crianças e adolescentes.
Apesar da Covid-19 atacar de forma mais severa pessoas idosas, crianças e adolescentes também merecem um cuidado especial. Normalmente elas são assintomáticas, mas isso não significa que inexista crianças com sintomas. O fato de não apresentarem sintomas, confere um maior poder de transmissão dentro do ambiente familiar. O alerta tem por objetivo orientar a população a fim de diminuir infecções deste grupo pequeno, mas não menos importante.
Kerry Alesson, coordenador do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) da Agevisa, explica que as crianças mais vulneráveis são aquelas que apresentam comorbidade anterior ao contágio do vírus, ou seja, alguma fragilidade relacionada à saúde ou sistema imunológico. “Isso demonstra a necessidade de atenção maior em relação às crianças e adolescentes, que podem atuar como vetor de transmissão do vírus para os pais e parentes e ainda, desenvolver a doença de forma grave”, alerta.
A médica infectologista da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Cosme e Damião, Antonieta Machado, argumenta que algumas crianças que contraem a Covid-19 apresentam quadro de sintomas normais, se comparado aos adultos, como resfriado, febre, dor de garganta e coriza. Porém, elas podem ostentar outras manifestações diferentes como a diarréia e manchas avermelhadas no corpo. Quando isso acontecer, o ideal é procurar atendimento médico para verificar se os sinais se tratam de Covid-19 ou se é outra patologia que faz parte das enfermidades cíclicas da infância de características semelhantes.
Caso aconteça qualquer situação fora do comum com apresentação de sintomas, é importante levar a criança à uma Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de sua casa, ou à uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para avaliação médica.
“Não orientamos que venha direto para Hicd, referência de tratamento de alta complexidade, uma vez que aqui a chance é maior, em caso de suspeita, de ter convívio com crianças com Covid-19. Por isso, somente deve ser encaminhado ao hospital quando realmente demonstrar necessidade, como a internação”, comenta.
No hospital, muita gente não abre mão do uso da máscara, como é o caso da Silvia Ferreira, que veio de Lábrea no Amazonas à Porto Velho para acompanhar a finalização do tratamento de saúde da sobrinha Maria Fernanda.
A tia da Maria Fernanda não abre mão do uso da máscara como prevenção à Covid-19
“Sempre me preocupo em não deixar ela tirar a máscara, apenas permito a retirada durante a refeição, em seguida a levo ao banheiro para lavar as mãos. Tenho maior medo por ela e pelos meus filhos, porque eu já peguei, e sei que a Covid-19 já levou familiares de muitas pessoas. Me preocupo tanto em perder alguém da família por causa da doença, então tenho o máximo cuidado com isso”, comenta.
É importante destacar que as crianças aprendem por meio de hábitos e lições. É dever dos pais orientarem as crianças quanto aos cuidados básicos, como lavar as mãos com água e sabão ou álcool em gel, e utilizar máscaras quando sair, fazendo disso um hábito rotineiro. Vale lembrar, que as crianças não devem manipular o álcool, e seu uso deve ser somente com a supervisão de um adulto, pois podem provocar acidentes gravíssimos.
Quanto ao adolescente, o perfil é muito semelhante ao do adulto, pois já tem consciência da necessidade de se cuidar e evitar aglomeração, então é importante que não confie em retirar a máscara, que deve ser bem ajustada ao rosto, o tempo inteiro. Para a médica infectologista, a ocasião ainda exige cuidado e responsabilidade por parte de todos.
“Já teve muito caminho andado, agora é o momento de ter um pouquinho mais de paciência e consciência de usar sempre a máscara, não podemos deixar esquecer sua importância. Procure retirar a máscara somente em casos estritamente necessários”, argumenta de forma enfática.
O diretor em exercício da Agevisa, Edilson Silva, lembra da importância de pais e responsáveis permanecerem atentos às ações de combate à Covid-19, como distanciamento social, higienização de mãos e uso de máscaras. “As regras são iguais para todos, por isso temos que nos manter vigilantes para preservar a saúde de crianças e adolescentes”, conclui.
Crianças menores de dois anos não deve usar máscara sob o risco de sufocamento ou estrangulamento
CUIDADOS COM USO DA MÁSCARA EM CRIANÇAS
Vale ressaltar que a propagação da covid-19 originada pelas crianças ocorre, geralmente, pela dificuldade no uso de máscaras. De acordo com nota de orientação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), crianças menores de 2 anos não devem usar máscara sob o risco de sufocamento ou estrangulamento, já que as crianças dessa idade ainda não possuem coordenação e não são capazes de retirar o acessório sozinhas, sem auxílio dos pais.
A atenção ao uso da máscara deve ser dada as crianças de faixa etária entre 2 a 5 anos, e sua utilização correta dependerá da maturidade infantil. Além disso, as crianças salivam mais, e com uso do acessório, podem contrair uma congestão nasal, ou ainda causar um acidente com o tecido ou elástico da máscara.
Por terem essas adversidades, os pais e responsáveis das crianças que não podem usar máscara, devem evitar aglomerações e passeios com elas, evitando levá-las aos supermercados, lojas, shopping etc. Nestes casos, um dos pais pode ficar com as crianças em casa ou até mesmo no carro, facilitando que apenas um adulto possa sair e resolver algo externo. O convívio com outras crianças deve ser evitado.
“Às vezes é doloroso, mas a gente tem que pensar o que pode acontecer com as outras famílias e a gente sabe que as maiores fontes de contaminação, muitas vezes não estão sendo no trabalho, na exposição nas ruas, são as aglomerações e até mesmo reuniões dentro de casa em que as famílias retiram a máscara ocasionando a transmissão”, comenta Antonieta Machado.