Por G1
Publicada em 15/01/2021 às 09h25
O governo dos Estados Unidos executou Corey Johnson, condenado pelo assassinato de sete pessoas que tinha deficiência intelectual e estava com Covid-19. Ele foi declarado morto às 23h34 (horário local) de quinta-feira (14) no presídio em Terre Haute, no estado de Indiana.
Johnson, de 52 anos, foi condenado pelo assassinato de sete pessoas na Virgínia em 1992, quando fazia parte de uma quadrilha de tráfico de drogas.
Suas condenações foram por ser o atirador em um assassinato triplo e por participar de outros quatro assassinatos capitais, incluindo atirar em um traficante rival 15 vezes.
Foi possível ouvir aplausos da sala reservada para os parentes das vítimas.
Quando questionado se tinha alguma última palavra, Johnson inicialmente pareceu surpreso e distraído e falou que "estava bem". Em seguida, olhou para a sala destinada à sua família e disse: "Amo vocês".
Em sua última declaração, Johnson afirmou que lamentava por seus crimes, listou os nomes de suas vítimas e pediu que elas fossem lembradas e agradeceu aos guardas da prisão e seus advogados por serem gentis.
"Não sou o mesmo homem que era", escreveu Johnson na declaração. "Estou bem. Estou em paz."
Execuções sob Trump
Foi a 12ª e penúltima execução federal do governo de Donald Trump, que retomou a prática no ano passado, após 17 anos e durante a pandemia. Presos no corredor da morte, advogados, membros do equipe de execução e agentes penitenciários contraíram a doença desde então.
O presidente eleito dos EUA, Joe Biden, que tomará posse na quarta-feira (20), promete trabalhar para abolir a pena de morte.
A execução ocorreu após a Suprema Corte americana rejeitar um pedido da defesa alegando que Johnson era deficiente mental e não podia ser executado legalmente.
A Suprema Corte também negou atrasar a execução de Dustin Higgs, que também pegou Covid-19 na prisão e deve perder a vida nesta sexta-feira (15).
Na quarta-feira (13), o governo federal americano executou a primeira mulher em quase 70 anos. Lisa Montgomery, de 52 anos, foi condenada por matar, remover e roubar o bebê de uma mulher grávida no Missouri.
Presos com Covid-19
Na terça-feira (12), a juíza Tanya Chutkan havia adiado as execuções até pelo menos 16 de março para permitir que os condenados se curassem. Médicos especialistas disseram os pulmões danificados pelo coronavírus resultariam em sofrimento excessivo caso recebessem injeções letais.
Os advogados defenderam que as injeções de pentobarbital causariam um edema pulmonar instantâneo, provocando sensações semelhantes a afogamento, e tal prática viola a 8ª Emenda da Constituição americana, que proíbe punições "cruéis e incomuns".
Mas o Tribunal de Apelações dos EUA anulou a sentença de Chutkan, e a Suprema Corte referendou a decisão.
Deficiência intelectual
Os advogados de Johnson alegavam também que o condenado mal conseguia ler ou escrever e tinha um QI dentro do limite de 70-75 pontos usado pelos tribunais para determinar "retardo mental", o que impediria a execução de acordo com a Lei Federal de Pena de Morte.