Por G1
Publicada em 08/01/2021 às 09h16
A produção industrial brasileira cresceu 1,2% em novembro, na comparação com outubro, segundo divulgou nesta sexta-feira (8) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o resultado, o setor cravou a sétima alta consecutiva, mas ainda se manteve no vermelho no acumulado no ano de 2020.
Em relação a novembro de 2019, a indústria avançou 2,8%.
No acumulado no ano de 2020 até novembro, o setor ainda acumula um tombo de 5,5%. Em 12 meses, a queda é de 5,2%.
O resultado veio ligeiramente abaixo das expectativas. Pesquisa da Reuters com economistas projetava alta de 1,3% na variação mensal e de 3,5% na base anual.
Setor segue em trajetória de recuperação
“O avanço é quase o mesmo do mês anterior e faz com que o setor siga ampliando o aumento com relação ao patamar pré-pandemia. E houve um predomínio no crescimento, ou seja, todas as categorias e a maior parte das atividades tiveram aumento", destacou o gerente da pesquisa, André Macedo.
O crescimento de 1,2% da atividade industrial em novembro alcançou todas as quatro grandes categorias econômicas e 17 dos 26 ramos pesquisados.
Desde setembro, a indústria já retomou o patamar pré-pandemia. Com o resultado de novembro, o setor está 2,6% acima do patamar de fevereiro.
Mesmo mantendo a trajetória de recuperação, a indústria ficou em novembro 13,9% abaixo do nível recorde, alcançado em maio de 2011.
A média móvel trimestral da indústria avançou 1,7% no trimestre encerrado em novembro, após avançar 2,4% no trimestre terminado em outubro.
Setor de veículos recupera patamar pré-pandemia
O setor de veículos automotores, reboques e carrocerias foi mais uma vez a maior influência positiva. Com a alta de 11,1% em novembro, a atividade passou a acumular expansão de 1.203% em sete meses consecutivos, superando em 0,7% o patamar de fevereiro. No acumulado no ano, porém, ainda tem queda de 31,5%.
Outros destaques de alta em novembro foram os segmentos de confecção de artigos do vestuário e acessórios (11,3%), máquinas e equipamentos (4,1%), impressão e reprodução de gravações (42,9%), couro, artigos para viagem e calçados (7,9%) e bebidas (3,1%).
Todas as quatro grandes categorias acumulam recuo no ano
Todas as grandes categorias apresentaram alta frente a outubro, com destaque para Bens de capital (7,4%) e Bens de consumo duráveis (6,2%). Já a produção de Bens de consumo semi e não duráveis (1,5%) e de Bens intermediários (0,1%) tiveram alta mais modesta, mas reverteram as quedas de 0,1% e 0,4%, respectivamente, do mês anterior.
No índice acumulado no ano, o setor industrial tem resultados negativos em todas as quatro grandes categorias econômicas, 20 dos 26 ramos, 59 dos 79 grupos e 63,1% dos 805 produtos pesquisados.
As maiores quedas na parcial de 2020 foram registradas nas categorias de bens de consumo duráveis (-22%) e de bens de capital (-13,1%).
Entre as atividades, além do tombo na produção de veículos (-31,5%), as pressões negativas mais relevantes vieram dos ramos de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-26,2%), metalurgia (-9,8%), indústrias extrativas (-3,2%), couro, artigos para viagem e calçados (-21,5%) e máquinas e equipamentos (-7,1%).
Já entre altas no ano, os destaques foram produtos alimentícios (4,7%), produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (4,8%) e perfumaria, sabões e produtos de limpeza (2,9%).
Perspectivas
Após o tombo recorde no 1º semestre de 2020, em meio à pandemia de coronavírus, a indústria tem sido um dos destaques da retomada da economia, apesar da recuperação desigual entre os setores.
Pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostrou que a confiança da indústria atingiu em dezembro o maior patamar desde maio de 2010.
Segundo analistas, uma retomada mais firme da indústria ainda depende de uma retomada do mercado de trabalho, que vem mostrando mais dificuldades, e da redução das incertezas domésticas, apontam analistas.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima que o PIB (Produto Interno Bruto) da indústria terminará 2020 com uma retração de 3,5%. Já para 2021, a projeção é de alta de um crescimento de 4,4%, acima do esperado para a economia brasileira (4%).
Os economistas do mercado financeiro reduziram a estimativa de tombo do Produto Interno Bruto (PIB) de 4,40% para 4,36%, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central. Para 2021, projetam uma alta de 3,40%.