Por Geovani Berno
Publicada em 14/01/2021 às 08h46
Voltando a escrever em 2021 após alguns dias de recesso onde fui, com muito cuidado e zelo, visitar minha mãe no Rio Grande do Sul. Mais precisamente em Santa Maria. Sim, aquela da Boate Kiss que ceifou a vida de 241 jovens e os culpados continuam impunes (escreverei oportunamente sobre a tragédia que dia 27 completa 8 anos).
Em referência ao título, como em Santa Maria não existem pistas de caminhadas (até existem em alguns pontos da cidade, mas fechados devido a pandemia) como aqui temos em Porto Velho o Skate Park e o Espaço Alternativo, só para citar os mais famosos e maiores. Com isso, quem deseja praticar o saudável hábito da caminhada necessita se aventurar nas calçadas da cidade.
Desta forma, me deparei com uma série de pequenos problemas que a grande maioria das cidades enfrenta, mas que os gestores públicos acabam por deixar pra lá. Mas pelo lado positivo acabamos por ver a cidade com outros olhos e em mais detalhes.
Com as caminhadas redescobri minha cidade (pelo menos a zona mais central por onde caminhei). E percebi que é um problema crônico que nos afeta também que são as calçadas. Ora esburacadas, mal conservadas, ora fora de padrão. Esta situação deixa a desejar em acessibilidade a pessoas com necessidades especiais de locomoção e com problemas de visão. No entanto, perdemos feio em civilidade, pois grande parte dos semáforos e faixas de pedestres são muito bem sinalizados.
Outro problema crônico são os terrenos –poucos é bem verdade – abandonados em áreas nobres da cidade. Mas o que mais me chamou a atenção nesta visita de poucos dias é o descaso com as praças públicas. Quando era criança/jovem as praças eram atrativo para as famílias. Íamos brincar mesmo sem os pais. Desta vez me surpreendi com o abando da manutenção e a ocupação por usuários de drogas que consomem seus baseados natural e despreocupadamente.
Nas caminhadas também percebi a preocupação de parcela consciente da população em se proteger com a utilização de máscara. Pouquíssimas pessoas sem o acessório obrigatório, exceto nos bares e restaurantes.
Outro ponto que merece a atenção é a implantação da Zona Azul, que por estas bandas é tão contestada, e por lá muito utilizada em toda região considerada central. Os pontos de estacionamento foram muito reduzidos, permitindo maior fluidez no trânsito. Nos locais permitidos e com Zona Azul paga-se a partir de 15 minutos. Com isso também cresceu muito os estacionamentos particulares e a utilização do transporte coletivo, taxis e aplicativos, que por ser mais barato que duas horas de estacionamento, por exemplo, acabam por compensar o uso.
Com estes poucos exemplos citados, quero deixar claro que não é uma crítica, mas um pedido aos nossos gestores. Andem por nossa cidade. Conheçam verdadeiramente nossa cidade. Sintam na pele o que a população passa para que se busquem soluções criativas aos problemas mais simples, para que estes não se agravem.
A mobilidade urbana será, juntamente com o problema do lixo, água e saneamento, um dos mais graves problemas a ser enfrentado pelo atual e futuros gestores, tendo em vista que a cidade irá crescer, o número de pessoas circulando será maior e a quantidade de carros também. Portanto, pensar a cidade para os próximos 50 anos (pelo menos) é vital.
Fica então meu apelo para que todos nós caminhemos pela nossa cidade e descubramos a dor e a delícia de viver aqui. Apontar soluções criativas, ajudar na melhoria e na qualidade de vida. Este também é nosso papel. Portanto, caminhemos. E a realidade de sua cidade, como é? Diferente dessa que descrevi?