Por Notícia ao Minuto - Portugal
Publicada em 11/02/2021 às 16h19
Os ministérios dos Negócios Estrangeiros e do Interior alemães concordaram que, em casos individuais particularmente graves, as pessoas perseguidas politicamente na Bielorrússia podem ser admitidas na Alemanha com as suas famílias, escreveram em resposta a uma pergunta do deputado ambientalista alemão Manuel Sarrazin.
Numa resposta conjunta, os dois ministérios referem que as chegadas "têm de começar o mais cedo possível", sublinhando que não se trata de "uma admissão em grupo", mas sim de situações consideradas caso a caso.
O governo alemão decidiu acolher "até 50 pessoas perseguidas politicamente e suas famílias".
Berlim não reconheceu a vitória de Lukashenko nas eleições de 2020 e considera que, por isso, "não tem legitimidade democrática", tal como advertiu o Governo de Angela Merkel a 23 de setembro, em que apelou também à libertação de todos os presos políticos.
Hoje, o Presidente bielorrusso disse que conseguiu derrotar uma 'Blitzkrieg' (Guerra Relâmpago) estrangeira e de opositores ao seu regime, em referência ao amplo movimento de protesto de 2020, que considera uma "conspiração ocidental".
Falando perante uma assembleia de 2.700 delegados, seus apoiantes vindos de todo o país, Lukashenko considerou que a Bielorrússia "sofreu um ataque dos mais cruéis do exterior".
"Mas o 'Blitzkrieg' falhou e nós conservámos (o controlo do) país", garantiu durante o congresso, de dois dias, para discutir o futuro político, económico e social da ex-república soviética nos próximos cinco anos, e para o qual não foi convidado qualquer crítico do regime.
No pico do movimento de contestação de 2020, a maior vaga de protesto desde a sua chegada ao poder em 1994, o Presidente bielorrusso prometeu apresentar reformas institucionais e constitucionais nesta "assembleia popular", mas hoje pediu apenas aos delegados que "pensassem" sobre o assunto.
Em novembro de 2020 evocou uma redução das suas prerrogativas e uma possível eleição presidencial antecipada, mas hoje limitou-se a dizer: "um dia elegerão outro Lukashenko ou outra pessoa qualquer".
A oposição já classificou o congresso como uma "mascarada" e a líder oposicionista e rival de Lukashenko nas presidenciais contestadas de agosto de 2020, forçada ao exílio na Lituânia, Svetlana Tikhanovskaia, disse à agência France-Presse nada esperar deste grande "culto do regime".
"Não são representantes do povo. Isso não tem significado para os bielorrussos", afirmou a professora de inglês de formação, de 38 anos, que conseguiu ter ao seu lado durante meses um movimento de contestação de uma amplitude inesperada na ex-república soviética.