Por Rondoniadinamica
Publicada em 13/02/2021 às 09h34
Porto Velho, RO – O império do ceifeiro está em franca vigência em Rondônia. E sim, falar sobre qualquer outro assunto em termos editoriais seria, antes de qualquer coisa, retumbante irresponsabilidade por parte da imprensa regional.
A prevalência absurda de óbitos exclusivamente em decorrência do novo Coronavírus (COVID-19/SARS-CoV-2) só em 2021 já faz com que o ano passado – ainda parte das lembranças recentes da população –, seja visto como um período não tão agressivo.
Isto, claro, porque há baliza no quesito estatístico. O estado fixou parâmetros entre o lá e o cá.
Se à época muitas pessoas já deixavam claro nas redes sociais, por exemplo, que estavam passando pelos momentos mais mórbidos de suas vidas, enfrentando altas temporadas de luto, assistindo, passivamente, as idas prematuras de colegas de trabalho, amigos e familiares, agora, obviamente, piorou. E muito.
Quem não foi derradeiramente às alas celestiais deu graças a Deus e fez sinal da cruz sinalizando alívio, imaginando, certamente, ter passado pelo pior.
Ledo engano coletivo.
O jornalista Carlos Madeiro, de Maceió, Alagoas, colaborando com o portal UOL, veiculou a seguinte manchete no noticiário eletrônico nacional:
“Fiocruz encontra mutações inéditas do coronavírus em Rondônia”.
Na abertura da reportagem, o texto de Madeiro indica o seguinte:
“Pesquisadores da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) em Rondônia concluíram um estudo genômico do novo coronavírus que circula no estado e encontraram 41 mutações no SARS-CoV-2 —algumas possivelmente associadas a efeitos de maior transmissibilidade”.
E prossegue: “Tais mutações estão presentes em três linhagens diferentes que, até então, não haviam sido descritas no estado. Por conta da segunda onda de covid-19, Rondônia enfrenta um colapso na rede pública de saúde, sem vagas para internar todos os pacientes e transferindo doentes para outros estados”.
Talvez, e é um talvez bem grande, diga-se de passagem, pois qualquer pitaco dentro de uma área científica não passa disso mesmo, pitaco, o fato de o Coronavírus ter mutado tanto e em várias formas tenha algo a ver com a situação alarmante vivenciada em menos de um mês e meio desde o início deste ano. Aliás, neste período irrisório de um mês e meio em 2021, Rondônia já apresentou 37% do número total de mortes do ano passado.
No dia 31 de dezembro de 2020, a Secretaria de Saúde (Sesau/RO), comandada pelo médico Fernando Máximo, registrou no Boletim 286 o total de 1.817 falecimentos naquele ano, todos relacionados à pandemia.
Quarenta e três documentos adiante, no Boletim 329, com dados de ontem (12), a pasta sacramentava o número de 2.482 cidadãos e cidadãos rondonienses abatidos pela COVID-19.
Entre um e outro, 665 vidas se esvaíram. Reiterando: o número representa 37% do total de mortes de 2020.
Na quinta-feira (11), quando em apenas 24 horas foram anotadas surpreendentes 42 mortes, o Rondônia Dinâmica já havia abordado nuances sobre a responsabilidade – ou a falta dela –, quando se fala nos operantes do Palácio do Planalto.
Logo, não há necessidade de retornar ao tema, vez que a visão editorial, neste quesito, continua a mesma.
É o reinado da morte vencendo, em todas as instâncias, as gestões dos vivos como o próprio chefe do Executivo Coronel Marcos Rocha, sem partido, e do seu subordinado, Fernando Máximo, titular da Sesau/RO.
E com a Administração Pública na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da realidade, o ceifador mantém sua incursão sinistra colhendo mais e mais vítimas municiando-se da inanição gerencial palaciana, mas também da letargia dos órgãos de fiscalização e controle.