Por France Presse
Publicada em 23/02/2021 às 10h07
A esposa do notório traficante mexicano Joaquín "El Chapo" Guzmán foi presa nesta segunda-feira (22) no Aeroporto Internacional Dulles, nos arredores de Washington, sob suspeita de envolvimento em uma quadrilha de tráfico de drogas, informaram autoridades americanas.
Emma Coronel Aispuro, 31 anos, com dupla nacionalidade americana e mexicana, deve se apresentar na terça-feira ao Tribunal Distrital dos Estados Unidos em Columbia por videoconferência, informou o Departamento de Justiça.
Seu marido, ex-líder do cartel de Sinaloa, foi considerado o mais poderoso traficante de drogas do mundo antes de ser extraditado para os Estados Unidos em 2017.
Ele foi condenado à prisão perpétua em julho de 2019 e cumpre pena em uma prisão de segurança máxima no Colorado.
Segundo documentos do tribunal, Coronel, mãe de duas filhas gêmeas de Guzmán, de nove anos, enfrenta acusações de conspiração para traficar cocaína, metanfetamina, heroína e maconha para os Estados Unidos.
Além disso, essa ex-miss supostamente colaborou em dois complôs para ajudar Guzmán a escapar das prisões mexicanas, incluindo a fuga da prisão Altiplano, localizada em Almoloya de Juárez, em julho de 2015.
Dois anos atrás, Coronel compareceu quase todos os dias ao histórico julgamento de três meses de seu marido em Nova York, olhando e sorrindo para seu marido, então com 62 anos, do banco público.
As autoridades não permitiram que a jovem visitasse "Chapo" ou falasse com ele por telefone.
Durante o processo, houve momentos em que Coronel foi apresentada ao público como cúmplice de seu marido nos negócios e em uma de suas fugas.
Uma testemunha colaboradora, que foi o braço direito do ex-chefe do cartel de Sinaloa, disse que em 2014 e 2015, quando El Chapo estava na prisão de Altiplano, no México, ele passou mensagens por meio de Coronel - que o visitava na prisão - para seus cúmplices que planejavam sua fuga por um túnel de 1,5 km que levava ao chuveiro em sua cela.
Em outro momento do julgamento, a promotoria divulgou uma ligação interceptada entre Coronel e El Chapo, na qual ela passou o telefone para seu pai, também traficante de drogas.
El Chapo então avisa seu sogro sobre a travessia de drogas na fronteira com os Estados Unidos.
"Meu nome foi citado várias vezes e exposto em dúvida (sic)", admitiu Coronel há dois anos, no final do julgamento.
"Só posso dizer que não tenho nada do que me envergonhar. Não sou perfeita, mas me considero um bom ser humano que nunca fez mal a ninguém intencionalmente", disse Coronel na época.