Por Notícia ao Minuto - Portugal
Publicada em 01/02/2021 às 15h16
"No futuro vamos ter não uma juventude LGBT, mas uma juventude digna da história gloriosa desta nação", declarou Erdogan durante um discurso em Ancara destinado aos quadros do seu partido islamita-conservador AKP.
"Vós não fazeis parte da juventude LGBT. Vós não sois os jovens que cometem atos de vandalismo. Pelo contrário, são aqueles que reparam os corações partidos", acrescentou.
O chefe de Estado turco fez estas declarações na sequência da detenção de quatro estudantes acusados de terem fixado na sua universidade um quadro representando um local sagrado do islão ornamentado com a bandeira arco-íris, símbolo associado à comunidade LGBT.
Essas pessoas foram acusadas de "incitamento ao ódio". Dois estão em prisão domiciliária, e os outros dois permanecem detidos.
No sábado, o ministro do Interior Süleyman Soylu tinha declarado num 'tweet' que "quatro dementes LGBT" tinham sido detidos.
O quadro foi colocado na sexta-feira frente ao gabinete do reitor pró-Erdogan da prestigiada universidade do Bósforo (Bogazici em turco).
As autoridades afirmam que o quadro desrespeitava a Caaba, um edifício cúbico do século VII no centro do pátio da grande mesquita de Meca. Constitui o local mais sagrado do islão.
Nas últimas semanas, a universidade do Bósforo foi palco de numerosas manifestações de estudantes para exigir a demissão do reitor Melih Bulu, designado por Erdogan.
Hoje, algumas dezenas de estudantes voltaram a concentrar-se no campus, na presença de centenas de polícias, em protesto contra o reitor e em apoio dos estudantes detidos, indicou a agência noticiosa AFP.
Pelo menos dois estudantes terão sido detidos. O coletivo "Solidariedade com Bogazici" e um deputado da oposição publicaram no Twitter vídeos que mostram a detenção de dezenas de estudantes, a serem conduzidos para carros da polícia.
A nomeação de Bulu, uma personalidade exterior à universidade e que em 2015 tentou candidatar-se a um mandato de deputado nas listas do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP) de Erdogan suscitou o descontentamento no meio académico.
O Presidente turco acusou alguns dos manifestantes de "terroristas".
A Turquia é um dos raros países muçulmanos onde a homossexualidade não é punida por lei. No entanto, a homofobia e a transfobia prevalecem e as associações LGBT são regularmente alvo de agressões e discriminações.