Por G1
Publicada em 04/03/2021 às 09h25
A sessão da Câmara dos dos Estados Unidos desta quinta-feira (4) foi suspensa após a polícia do Capitólio alertar para uma possível ameaça, apenas dois meses após a invasão de apoiadores do ex-presidente Donald Trump à sede do Congresso americano que resultou em cinco mortes.
Em um comunicado, a polícia do Capitólio afirmou que "está ciente e preparada para qualquer ameaça potencial aos membros do Congresso ou ao complexo do Capitólio". "Obtivemos relatórios de inteligência que mostra uma possível conspiração para violar o Capitólio por um grupo de milícia na quinta-feira, 4 de março".
Após o alerta, deputados mudaram para quarta-feira (10) uma votação que estava marcada para hoje.
A conspiração parece ter sido inspirada pela teoria da conspiração pró-Trump conhecida como QAnon, segundo o jornal "The New York Times". Foram rastreadas conversas online de adeptos do QAnon, que acreditam que 4 de março seria o dia em que Trump voltaria à presidência do país e "renovaria sua cruzada contra os inimigos da América".
A data foi escolhida por ser o dia da posse presidencial nos EUA até 1933, quando então foi alterada para 20 de janeiro.
A chefe interina da polícia do Capitólio, Yogananda D. Pittman, disse aos parlamentares que havia recebido informações "preocupantes" sobre possíveis ameaças ao Capitólio nesta quinta e que as ameaças contra os políticos havia "disparado".
Segundo a CNN, informações fornecidas pelo FBI e pelo Departamento de Segurança Interna dos EUA também alertaram sobre o aumento da conversa entre extremistas, incluindo membros do grupo extremista Three Percenters, discutindo possíveis conspirações contra o Capitólio nesta quinta.
O que é o QAnon
O QAnon é uma teoria que diz que Trump está travando uma guerra secreta contra os pedófilos adoradores de Satanás do alto escalão do governo americano, do mundo empresarial e da imprensa. O ex-presidente é considerado um herói pelo grupo e já os descreveu como "pessoas que amam nosso país".
Seus apoiadores dizem que a luta levará a um dia de ajuste de contas, em que pessoas proeminentes, como a ex-candidata presidencial Hillary Clinton, derrotada por Trump em 2016, serão presas e executadas.
Mas há outros desdobramentos, desvios e debates internos do movimento, e a lista de afirmações do QAnon é enorme — e muitas vezes contraditória. Os adeptos recorrem a notícias, fatos históricos e numerologia para desenvolver suas próprias teorias da conspiração.
De onde surgiu
Ela começou em outubro de 2017, quando um usuário anônimo fez uma série de postagens na rede social 4chan. Ele assinou como "Q" e afirmou ter um nível de aprovação de segurança dos EUA conhecido como "autorização Q".
Essas mensagens ficaram conhecidas como "Q drops" ou "breadcrumbs", muitas vezes escritas em linguagem enigmática salpicada de slogans, promessas e temas pró-Trump.
Rapidamente a teoria ganhou milhares de seguidores, e as principais redes sociais (como Facebook, Twitter, Reddit e YouTube) têm endurecido suas regras sobre o conteúdo QAnon e retiram centenas de contas e vídeos de apoio.
Mas as redes sociais e pesquisas de opinião mostram que há pelo menos centenas de milhares, senão milhões, de pessoas que acreditam em pelo menos algumas das teorias apresentadas pelo QAnon.