Por G1
Publicada em 12/03/2021 às 11h02
Alexei Navalny, o principal político de oposição ao governo de Vladimir Putin na Rússia, foi retirado do colônia penal onde estava preso e não se sabe qual é sua localização, de acordo com uma mensagem em uma rede social publicada nesta sexta-feira (12) no perfil do próprio Navalny (o texto cita seus advogados).
Ele havia sido transferido para a colônia penal no fim de fevereiro.
Na ocasião, o diretor do Serviço Prisional Federal da Rússia, Alexander Kalashnikov, afirmou que Navalny "foi transferido para o local onde deveria estar por decisão do tribunal" e que não sofria nenhuma ameaça de vida.
Navalny "cumprirá sua sentença em condições absolutamente normais", disse Kalashnikov, antes de indicar que "se desejar, ele participará das atividades de produção".
Prisão é considerada perseguição política
Navalny foi preso pela polícia ao chegar no aeroporto de Moscou, em janeiro de 2021.
A Justiça o condenou por um caso de fraude de 2014. O próprio Navalny, os governos de vários países e ONGs consideram que o julgamento teve motivação política.
Navalny é um ativista anticorrupção. Ele é considerado o principal crítico de Putin. Ele tem milhões de seguidores nas redes sociais e publica informações que, segundo ele, revelam a profundidade da corrupção na Rússia de Putin.
Veneno na cueca
Em agosto de 2020, Navalny passou mal durante um voo da Sibéria para Moscou. O avião pousou, e ele foi levado a um hospital.
De lá, foi transportado de avião para Berlim e tratado lá enquanto era mantido em coma induzido.
O governo alemão disse que Navalny foi envenenado por uma sofisticada substância conhecida como Novichok, o que reforça as suspeitas de que o Estado russo esteja por trás do envenenamento.
Conhecidas como agentes neurotóxicos, essas substâncias são usadas em pó ou em forma líquida. E são tão perigosas que só podem ser fabricadas em laboratórios avançados, que são em grande maioria de propriedade de governos, ou controlados por eles.
Inicialmente, acreditava-se que o envenenamento teria ocorrido por meio do chá que Navalny bebeu no dia. No entanto, depois que se recuperou, ele rastreou os indivíduos que acreditava terem participado do atentado.
Passando-se por uma autoridade da área de segurança, Navalny teria conseguido enganar um expert em armas que teria admitido que o caso foi mesmo de envenenamento. E a maior parte do agente químico teria sido plantada na cueca dele. O governo russo negou novamente as acusações.
Pressão internacional
Em um encontro da ONU nesta sexta-feira (12), 45 países, incluindo os Estados Unidos, pediram à Rússia que liberte Navalny, dizendo que sua prisão era ilegal e uma investigação sobre seu envenenamento no ano passado.