Por Notícia ao Minuto - Portugal
Publicada em 20/03/2021 às 09h31
O centro da capital, Santiago, outros sete municípios da região metropolitana de Santiago, a costeira Viña del Mar ou a distante Iquique, no extremo norte, são exemplos de cidades que passam de um confinamento apenas nos fins de semana, iniciado em 13 de março, a um regime permanente e por tempo indeterminado, uma semana depois.
Assim, a região metropolitana de Santiago, onde vivem 7 dos 19 milhões de habitantes do país, volta ao confinamento total do qual tinha saído em 16 de agosto passado.
"Estamos muito preocupados com esta segunda onda. As medidas são duríssimas. O trabalho do sistema de saúde tem sido gigantesco. Pedimos, com muita humildade, um último esforço", apelou o ministro da Saúde, Enrique Paris, durante conferência com a imprensa.
O motivo do endurecimento apenas uma semana depois é a crescente quantidade de contágios, diariamente acima de seis mil casos, elevando o nível de ocupação nas unidades de cuidados intensivos a 95% e deixando o país à beira do colapso sanitário.
Na passada quinta-feira, os novos casos chegaram a 6.249. Na sexta-feira, o número pulou para 6.604, muito próximo do recorde de 6.938 contagiados em junho passado.
No total acumulado, o Chile tem 918.053 casos, dos quais 36.433 estão ativos. Os óbitos totalizam 22.087, sendo 99 nas últimos 24 horas.
Paralelamente ao endurecimento da quarentena, o Chile continua no pódio dos países que mais vacinas aplicaram e a liderar a lista dos que mais rápido vacinam diariamente com 1,45 doses por cada 100 habitantes, segundo o portal Our World In Data, ligado à Universidade de Oxford, do Reino Unido.
O país já vacinou 5,476 milhões de pessoas, tendo atingido na passada terça-feira, dia 16, com duas semanas de antecipação, a meta de vacinar toda a população de risco.
Até agora, 28,4% dos chilenos já foram vacinados. No próximo dia 24, o país começa a vacinar a chamada "população objetivo": 80% da população total até junho para atingir a imunidade de grupo.
"Não somos triunfalistas em relação à vacina, pelo contrário. Para que tenhamos uma campanha de vacinação bem-sucedida, é preciso manter as normas sanitárias porque a batalha contra a disseminação do vírus continua até 30 de junho", indicou o ministro Henrique Paris, ciente do relaxamento que o avanço da vacinação provocou na população.
"A sensação de vitória desde a chegada das primeiras doses, um relaxamento das restrições de circulação e um esgotamento por parte da população quanto às medidas de proteção levaram a uma alta do número de casos e das hospitalizações", avalia à Lusa a infecciologista chilena Claudia Cortés, vice-presidente da Sociedade Chilena de Infecciologia.
"Não existe nenhum paradoxo entre o aumento de casos e uma campanha de vacinação bem-sucedida", explica a especialista.
"As vacinas funcionam depois de completarem todo o processo: duas doses e algumas semanas depois da segunda. O benefício coletivo só chegará quando, pelo menos, 80% da população estiver vacinada", conclui Claudia Cortés.