Por G1
Publicada em 16/03/2021 às 10h51
Dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas de várias cidades da Bolívia para protestar contra o atual presidente, Luis Arce, e a prisão da ex-presidente Jeanine Áñez por suspeita de golpe de Estado contra Evo Morales em 2019.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) e os Estados Unidos expressaram preocupação com o novo clima de tensão política na Bolívia.
"Não foi golpe. Foi fraude", diziam cartazes de manifestantes que, com a pandemia como pano de fundo, participaram de marchas, manifestações em frente ao Ministério Público e concentrações pacíficas em praças das cidades de La Paz, Cochabamba (centro), Sucre (sudeste), Trinidad (noroeste) e Santa Cruz de la Sierra (leste).
Em Santa Cruz, capital econômica da Bolívia e bastião da oposição, cerca de 40 mil pessoas se reuniram na praça Cristo Redentor, lugar emblemático de reuniões públicas da direita, segundo estimativas de autoridades locais.
Jeanine Áñez, de 53 anos, foi presa no sábado (13), na cidade de Trinidad, capital do departamento amazônico de Beni (nordeste). No domingo (14), a Justiça determinou quatro meses de prisão preventiva para a ex-presidente.
Outros cinco ex-ministros de Áñez também foram detidos, e o governo do Peru informou que a ex-ministra Roxana Lizárraga solicitou asilo.
A oposição de direita e de centro acusa a Justiça boliviana de estar subordinada ao governo de Arce, herdeiro político de Morales. Já o ministro da Justiça, Iván Lima, disse que o "golpe deve ser resolvido na Justiça e não nas ruas".
"O que buscamos não é uma detenção de quatro meses, o que buscamos é uma pena de 30 anos, porque aqui ocorreram massacres sangrentos", disse o ministro sobre Áñez e os incidentes violentos registrados durante o governo da ex-presidente.
EUA e OEA se manifestam
Os Estados Unidos, a Comissão Europeia e a ONU expressaram preocupação pelos acontecimentos na Bolívia desde a prisão de Áñez.
"Os Estados Unidos estão acompanhando com preocupação os desdobramentos relacionados à recente prisão de ex-funcionários pelo governo boliviano", disse Jalina Porter, porta-voz adjunta do Departamento de Estado.
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, afirmou que "o sistema judicial boliviano não está em condições de oferecer as garantias mínimas de um julgamento justo" e pediu a liberação do detidos.
Pelo Twitter, o ex-presidente Evo Morales respondeu a Almagro afirmando que "ele também deve ser julgado por promover o golpe e por crimes contra a humanidade".
Um relatório da OEA que apontou irregularidades nas eleições de 2019 foi usado pela oposição para pressionar Morales após a sua reeleição, e o então presidente acabou renunciando e fugindo para o México e, depois Argentina.
Posteriormente, um estudo independente analisou dados do relatório da OEA e concluiu que houve falhas na apresentação dos resultados.