Por Notícia ao Minuto - Portugal
Publicada em 09/03/2021 às 14h02
Para o encontro, marcado para dia 18, a Rússia convidou representantes do Governo afegão, o Alto Conselho para Reconciliação Nacional, outras figuras políticas e uma delegação talibã, disse o enviado especial do Presidente russo ao Afeganistão, Zamir Kabulov.
Moscovo - que prefere chamar a reunião de "consultas", no formato de grupo alargado (Rússia, China, EUA e Paquistão) - pretende dar um impulso às negociações, para que "haja avanços substanciais em Doha e não apenas contactos", disse Kabulov.
As negociações de paz intra-afegãs entre Cabul e os talibãs, que começaram em setembro em Doha, no Qatar, continuam paralisadas, dando azo a um aumento de violência no país.
Na primeira ronda, as duas partes só chegaram a um entendimento sobre as regras e procedimentos das negociações, muito aquém do resultado esperado, numa altura em que se procura uma solução de paz para terminar um conflito militar que dura há quase duas décadas.
"A mensagem principal para os talibãs não é segredo: eles devem evitar qualquer escalada no terreno, respeitar os termos já acordados para negociações intra-afegãs diretas e não apresentar novas condições" ao Governo de Cabul, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, em 26 de fevereiro, após uma reunião com o seu homólogo afegão, Hanif Atmar.
O novo Governo dos EUA propôs no domingo ao Presidente afegão, Ashraf Ghani, um roteiro para acelerar o processo de paz no Afeganistão, incluindo "um acordo negociado e um cessar-fogo".
Cabul, no entanto, rejeitou o plano, que também inclui a proposta de organizar um encontro entre chefes de diplomacia e enviados especiais da Rússia, China, Paquistão, Irão, Índia e Estados Unidos, sob os auspícios da ONU, para apoiar o processo de paz no Afeganistão e travar as ações de violência.
As negociações de paz intra-afegãs começaram em setembro passado, após o acordo de Doha, em fevereiro de 2020 entre os talibãs e os Estados Unidos, segundo o qual Washington prometeu retirar as suas tropas antes de 01 de maio próximo, enquanto os rebeldes garantiram que não permitiriam a instalação de grupos terroristas em território afegão.
Depois da chegada do Presidente Joe Biden à Casa Branca, em janeiro, Washington anunciou que tenciona rever este acordo e ainda não revelou se retirará os 2.500 soldados que permanecem no Afeganistão.