Por Robson Oliveira
Publicada em 20/04/2021 às 15h25
MENTIROSO
Após a visita do governador de Rondônia Marcos Rocha ao presidente Bolsonaro, ocorrida uns quinze dias atrás - quando relatou ao presidente que em Rondônia não teria adotado nenhum ação mais restritiva contra a Covid -, o deputado federal Coronel Chrisóstomo (PSL), em retaliação, também procurou o presidente para desmentir o governador que, na reunião com o presidente, garantiu que não teria baixado decretos restringindo a abertura das atividades comerciais. Munido dos decretos baixados pelo governo rondoniense, o deputado mostrou ao presidente que o governador havia mentido.
VASSALAGEM
Independentemente das questões de fundo que envolvem a pandemia, ambos (Rocha e Crisóstomo) são bolsonaristas de carteirinha e querem a qualquer custo agradar o presidente, mesmo que a adoção das medidas para conter a proliferação do vírus e salvar vidas seja relegada a segundo plano. A prova de que há uma relação umbilical de dependência do governador ao suserano, ficou patente quando o governador decidiu abrir todos estabelecimentos no final de semana, mesmo com o sistema estadual de saúde ainda estar sobrecarregado, depois que a caguetagem do deputado federal ao presidente começou a ser replicada nas mídias sociais.
FROUXO
Com a repercussão do vídeo feito pelo deputado Coronel Crisóstomo e que provocou impacto entre os eleitores bolsonaristas de Rondônia, colocando Marcos Rocha em situação vexatória, o governador cedeu e liberou geral as atividades econômicas, apesar do alto registro de óbitos. Por estas e outras razões que o coronel deputado tem repetido onde passa que o colega de patente é frouxo. Aliás, o parlamentar não economiza adjetivos depreciativos quando o alvo é o governador. E atira para todos os lados.
FILIAÇÃO
Marcos Rocha certamente será candidato à reeleição e será obrigado a buscar um partido que viabilize sua pretensão, visto que pediu desfiliação do PSL assim que virou governador. Para retornar à legenda é obrigado a aparar as arestas que ele próprio criou com os integrantes da direção do partido, entre eles o deputado federal Coronel Crisóstomo e o ex-candidato a senador Jaime Bagotteli.
ISOLADO
Há um percepção no meio político estadual de que o único mandatário que se antecipou à pandemia e se isolou foi exatamente Marcos Rocha. Isto restou claro quando impôs no exercício do governo que dialogaria com a sociedade e os agentes políticos somente pelas redes sociais cuja ferramenta catapultou sua ascensão inesperada ao Governo de Rondônia. O que não imaginava é que a ferramenta que outrora ajudou em sua vitória é a mesma que hoje pode ser fatal na sua reeleição. Principalmente pela decisão de governar de forma isolada e sem um suporte partidário e político que sirva de contenção às críticas.
BUFÃO
Membro do Conselho de Ética da Assembleia Legislativa, o deputado estadual Geraldo de Rondônia vem se notabilizando em seu mandato mais pelas condutas incompatíveis com o cargo do que pela produção legislativa. Não são poucas as representações contra o parlamentar que colocam o Poder Legislativo em situação constrangedora, embora nenhuma delas tenha ainda sido apurada. Mas, ao que parece, o parlamento estadual está decidido a por fim aos vexames do deputado ao acolher uma denúncia que supostamente teria ferido o código de ética no exercício do mandato. As condutas reprováveis do parlamentar merecem uma reprimenda mais firme do legislativo estadual já que ele é contumaz na quebra do decoro.
DUBIEDADE
Embora a maioria dos membros do Conselho Federal de Medicina apoie a prescrição do tratamento precoce a base das drogas que compõem o “Kit Bolsonaro” contra covid-19 em seu estágio inicial, na última segunda-feira (19), durante audiência da Comissão Temporária da Covid-19 do Senado, o vice-presidente do CFM, Donizette Giamberardino Filho, declarou que o órgão “não recomenda e não aprova tratamento precoce”. Também não recomenda nenhum tratamento do tipo protocolos populacionais contra o vírus. A declaração inova em razão da posição que o conselho adotou ano passado, no primeiro surto da pandemia, quando aprovou parecer que facultou aos médicos a prescrição da cloroquina e da hidroxicloroquina para pacientes com sintomas leves. Recomendação seguida majoritariamente pelos profissionais da área em Rondônia.
HABEAS CORPUS
A mudança inesperada de entendimento do CFM, revelada no Senado, segundo a vice-presidente, tem um alcance ainda maior quando afirmou que “ esse parecer não é um habeas corpus para ninguém”. Trocando em miúdos: o parecer do CFM emitido ano passado não é hoje uma orientação ao médico em prescrever as drogas do Kit precoce – que não tem comprovação científica de efeito curativo sobre o coronavírus – mas tão somente a proteção das prerrogativas do profissional em prescrever os remédios mais adequados a cada caso concreto que se depara. Os reflexos deletérios das prescrições sobre a saúde dos pacientes, seja em relação ao kit em comento, seja quanto à prescrição de outras drogas, estão sujeitas a apuração de infração ética. Portanto, as sequelas que eventualmente o “kit Bolsonaro” causar aos pacientes são de responsabilidade de quem o prescreveu e pode ensejar contra os profissionais ações administrativas disciplinares e criminais, sem prejuízos das ações civis indenizatórias.
VAQUINHA
A pandemia afetou várias atividades econômicas e uma das mais atingidas é sem dúvida o pequeno comércio: bares, restaurantes, mercadinhos, biroscas, enfim, as atividades formais e informais. Mas entre eles, aqui em Rondônia, assim como demais estados, existem alguns que fazem parte da história da cidade principalmente em razão da produção cultural. Porto Velho não é diferente. Em razão disto se formou uma grande corrente de empresários, professores, intelectuais, médicos, advogados, operadores do direito do estado, mentirosos, enfim, das mais variadas tendências para salvar o ‘Buraco do Candiru’, o boteco que consegue juntar todas essas pessoas sob o mesmo teto e, com as restrições de funcionamento impostas pela pandemia, está sob a ameaça de fechar as portas. Para evitar esse prejuízo cultural uma vaquinha está sendo feita através da aquisição de uma rifa que sorteará um garrote. Quem quiser colaborar com a salvação da birosca quase intelectual contribua com a rifa. Pode ser que você não se torne um intelectual, mas contribuirá para que as estórias dos mentirosos sejam contadas e perpetuadas na capital. A vaquinha pode virar um bom churrasco. E tira o boteco do buraco que a pandemia quer enterrar.
HOMENAGEM
O rondoniense Manoel Carlos Neri da Silva, ex-presidente do COFEN e atual do Coren-RO, é uma das personalidades nacionais da saúde a ser laureado com o prêmio dos “100 mais influentes na Saúde da Década”. A premiação é uma organização da festejada Revista Healthcare Management, de São Paulo e ligada ao grupo Mídea. É considerado o “Oscar” da área. Um rondoniense escrevendo a boa história, em meio a tanta escassez de orgulho.