Por Assessoria parlamentar
Publicada em 20/04/2021 às 09h21
O debate virtual sobre os protocolos para o tratamento dos infectados pela Covid-19, ocorrido nesta segunda-feira (19), em audiência pública na Comissão Temporária da Covid-19 (CTCovid-19), com representantes do Conselho Federal de Medicina (CFM), do Instituto Questão de Ciência (IQC), da Fundação Oswaldo Cruz, e especialista na área de medicina intensiva, foi esclarecedor e muito oportuno, afirmou o senador Confúcio Moura (MDB-RO).
Confúcio Moura que é o presidente do Colegiado, disse que atualmente a comissão agora está focada em resultados práticos e que chegou a hora de resolver as pendências de ordem prática para obter soluções e fazer as cobranças necessárias ao Ministério da Saúde e a quem possa interessar.
O parlamentar afirmou que o kit intubação para as pessoas graves não pode faltar nos hospitais, nem oxigênio, e foi além. “Não pode faltar o pagamento de leitos de UTI pelo Governo Federal aos estados e municípios e a vacinação. Essa é a espinha dorsal do nosso trabalho nesta comissão. De agora para a frente, pra valer mesmo, nós queremos vacinas, vacinas e vacinas”, enfatizou.
Ao fazer a sua exposição, a presidente do Instituto Questão de Ciência (IQC - USP/São Paulo), Natalia Pasternak, disse que é o País precisa de políticas públicas de conscientização da população nos diferentes níveis de liderança e não de posturas públicas que confundam a população sobre orientações sanitárias.
Kit Covid
Natalia Pasternak disse que a tragédia da pandemia não pode utilizada como mecanismo de busca de poder, ou seja, politizada. “Nós não precisamos de que empresas patrocinem a publicidade do kit Covid; não precisamos de posturas públicas alarmistas. Precisamos, sim, de transparência. Precisamos de informação”, asseverou.
De acordo com Pasternak, não existe tratamento específico para a Covid-19. Para ela, isso não deveria ser uma surpresa, porque grande parte das viroses, das doenças causadas por vírus no mundo também não tem remédio. “A gente nunca teve remédio para sarampo, para caxumba, a gente não tem remédio para dengue, a gente não tem remédio para febre amarela. A gente tem vacinas. Doenças virais, em geral, se controlam com vacinas”, afirmou.
Riscos
A médica e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz, Margareth Dalcolmo, disse que o kit Covid, denominado por ela de “saquinhos da ilusão”, em que são colocados antibióticos, não têm a menor indicação para uma doença que é viral. “Antibiótico é remédio usado em doença causada por bactéria, misturando com vitaminas, com zinco, com corticosteroides, que é um medicamento que só tem indicação em casos específicos de Covid-19, com critério médico abalizado naturalmente, e isso mais com anticoagulante, o que piora mais ainda a situação”, lembrou.
Dalcolmo garantiu que está comprovado cientificamente que há perigo para o cidadão tomar o kit Covid. “Há riscos, inclusive, da inocuidade. E eu quero dizer que ser inócuo não quer dizer que não faz mal. Ser inócuo é tomar remédio à toa, que não vai funcionar, mesmo que eles não guardassem em si, pela sua própria farmacologia, algum grau de toxicidade medicamentosa, como é fato, mesmo a inocuidade seria equivocada na sua recomendação”, disse.
Campanhas informativas
Além das vacinas e das medidas preventivas, uso de máscara, distanciamento físico e social, não há mais nada que se possa fazer para prevenir Covid-19, disse a pesquisadora Natalia Pasternak. Ela afirmou o mais importante nesse momento é de uma campanha de informação partindo do Governo Federal que incentive as pessoas a usarem máscara e a evitar aglomerações.
O médico intensivista e supervisor da UTI Cardiológica do Hospital DF Star, de Brasília, Fabrício Silva, que coordena o trabalho de terapia intensivista, apresentou uma proposta de protocolos e treinamentos padronizados para todo país. Segundo ele, de cada dez pacientes intubados com covid-19, oito morrem e sugeriu criar uma cartilha para padronizar a abordagem inicial e a estabilização do paciente de maior gravidade com a Covid-19.
Fabrício Silva sugeriu criar uma central telefônica, via Ministério da Saúde, ou via Conselho Federal de Medicina (CFM), com plantão de 24 horas para discussão dos casos clínicos baseando numa cartilha do paciente crítico.
A audiência teve a participação de senadores membros e não membros, de internautas e ainda do vice-presidente do Conselho Federal de Medicina, Donizetti Dimer Giamberardino Filho.
Assessoria de Comunicação