Por Waldir Costa / Rondônia Dinâmica
Publicada em 15/05/2021 às 11h22
A principal rodovia federal de Rondônia, a BR 364, única ligação rodoviária do Acre com os demais Estados, todos os anos, após o período de Inverno Amazônico (chuvas) fica intransitável –e perigosa– devido aos buracos. Como boa parte da safra de grãos (soja e milho) do Mato Grosso e quase toda a produção de Rondônia utilizam o Porto Graneleiro de Porto Velho, no rio Madeira, para exportar, a rodovia não tem suporte técnico para garantir o trânsito de aproximadamente 2,5 mil carretas, bitrens, treminhões durante o período.
A 364 foi construída na década de 80, quando o maior veículo rodoviário de carga era a jamanta (caminhão trucado), que transportava em média 15 toneladas. Hoje os treminhões transportam 50, 60 toneladas de grãos contribuindo para a deterioração precoce do piso, que não tem alicerce para garantir um tráfego seguro.
A “indústria” do “tapa-buracos” é uma triste realidade da BR 364. Todos os anos empreiteiras estufam os cofres com os trabalhos de tapa-buracos, um paliativo para uma situação, que deveria ser definitiva, no mínimo mais duradoura e compatível com a realidade do transporte rodoviário atual.
Em passado recente ocorreram mudanças na direção do Dnit Rondônia/Acre em razão da prática da conhecida e condenável da corrupção nas Operações Tapa-Buracos na BR 364, inclusive com a prisão de influente político do Acre. Mas entra ano, sai ano e nada da bancada federal dos estados tomarem posição de exigir do governo federal, a restauração da BR 364 no trecho Porto Vilhena a Rio Branco, com prioridade para Vilhena a Porto Velho (cerca de 700 quilômetros) em razão do porto graneleiro e da sua importância para a exportação.
Nesta semana foi veiculada na imprensa regional matéria do Ministério Público Federal (MPF), que teria firmado TAC (Termo de Ajuste de Conduta) com a empresa Centrais Elétricas César Filho, que teria destinado R$ 135 mil para a Departamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em equipamentos como forma de compensação pela utilização da rodovia. É que a empresa tem veículos pesados que circulam com regularidade pela 364.
O TAC é no mínimo questionável. Não que o Grupo Cassol esteja impossibilitado de doar equipamentos à PRF. E as demais empresas, muitas do Mato Grosso, que utilizam a rodovia para exportar grãos pelo rio Madeira no porto graneleiro da capital não contribuem para a deterioração da pista?
Em passado não tão distante, havia uma balança do Dnit às imediações de Ouro Preto do Oeste, justamente para se evitar o excesso de peso. Por incrível que possa parecer o posto de pesagem só funcionava em períodos de entressafra. Durante as safras, quando o movimento de carretas, bitrens e treminhões era e é intenso, o posto fechava para manutenção (?). A reabertura ocorria sempre, após o fim das safras.
É fundamental admitir, que a BR 364 não tem condições técnicas de atender a demanda em períodos de safras. É necessária a restauração urgente da rodovia o mais breve possível, pois o mundo, hoje, é muito diferente que na década de 80 e não é diferente no setor rodoviário. Tapa-buracos não resolvem, apenas enriquecem as empreiteiras, mas a péssima qualidade da 364 provocam acidentes, a maioria com mortes que poderiam ser evitadas com um piso de qualidade e, de preferência com pistas duplas, sinalização eficiente e fiscalização mais efetiva.