Por Waldir Costa / Rondônia Dinâmica
Publicada em 08/05/2021 às 09h53
A inauguração da ponte sobre o rio Madeira na região da Ponta do Abunã, distrito de Porto Velho, na sexta-feira (7) com a presença do presidente da República, Jair Bolsonaro (Sem Partido) representa um marco importante para o desenvolvimento regional. A solenidade que contou com a participação de milhares de pessoas e serviu, em parte, de parâmetro de como serão as eleições gerais de outubro do próximo ano, quando serão eleitos presidente, governadores e seus vices; uma das três vagas de cada Estado ao Senado, Câmara Federal e Assembleias Legislativas.
A obra é promessa do governo federal desde a década de 90. A passagem, até então era feita por balsas, uma prestação de serviços do período de colonização do Estado, hoje obsoleto e dispensável, mas de enorme interesse dos proprietários, que conseguiram postergar por anos a construção da importante obra com mais de 1.500 metros de comprimento. Mais de uma vez balsas desgovernadas tombaram pilares da ponte na fase de construção atrasando sempre a sua conclusão. Mistério.
Hoje a ponte é uma realidade, e uma das obras nacionais, da maior importância no segmento rodoviário. A demora na travessia, às vezes horas, nos períodos de seca, quando o rio era difícil de ser transposto, e o custo elevado, são “águas passadas”.
Na solenidade de inauguração da ponte foi possível analisar de como será o futuro político-eleitoral em Rondônia nas eleições do próximo ano. No palanque tivemos ao menos três candidatos em potencial ao governo do Estado nas eleições de 2022: Marcos Rocha (Sem Partido), atual governador, que deverá buscar a reeleição; senador Marcos Rogério (DEM) e o prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves (PSDB), também candidatíssimos a governar o Estado a partir de 2023.
No palanque e centro das atenções o presidente Bolsonaro, irreverente, como sempre, e também candidato à reeleição. Rocha foi eleito governador em 2018 na esteira de Bolsonaro. Ambos foram eleitos pelo PSL e, o hoje governador, na ocasião, era um estreante na política. Foi para o segundo turno com o ex-senador Expedito Júnior (PSDB), o mais bem votado no primeiro turno. No segundo turno venceu com facilidade com praticamente o dobro dos votos.
Também na solenidade o prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves, reeleito nas eleições de novembro último, no segundo turno, após já ter vencido o primeiro na disputa com a ex-vereadora Cristiane Lopes, na época no PP, hoje no Podemos. Se Rocha tem a “máquina” administrativa do governo do Estado nas mãos, Hildon conta a Prefeitura de Porto Velho, município com mais de 330 mil eleitores nas eleições de 2020, maior colégio eleitoral do Estado.
Na mesma solenidade o senador Marcos Rogério, que preside o seu partido em Rondônia e também postulante a governar Rondônia. Rogério está fechado com Bolsonaro e é membro da CPI do covid-19, que está em andamento no Congresso Nacional e apura denúncias de irregularidades praticadas pelos governos (federal, estadual e municipal) na luta contra o vírus, que vem assustando o planeta.
No discurso o presidente Bolsonaro, elogiou o trabalho desenvolvido pelo senador Marcos Rogério no Senado. Exaltou suas qualidades e só faltou dizer que seria o candidato mais adequado a governar Rondônia, a partir de 2023.
O governador Marcos Rocha foi vaiado, a exemplo do prefeito Hildon, por uma minoria que se concentrava em uma parte da multidão. Há quem afirme que foi claquete preparada por futuros adversários na disputa pelo governo do Estado.
Todo político tem que se conscientizar, que vaias e aplausos fazem parte da vida pública. Ninguém consegue agradar a todos, e isso é muito bom, pois demonstra que não há unanimidade, que nada tem a ver com o processo democrático.
Somente com oposição forte, competente e honesta se consegue sucesso na administração pública. Não é bem isso que acontece no Brasil, onde boa parte dos governantes está preocupada com grupos, que nada tem de interesse maior da população.
Que as vaias contra Rocha e Hildon sirvam de lição para o futuro. As eleições estão a mais de 15 meses. Parecem distantes, mas o tempo passa rápido.
A esperada ponte sobre o majestoso Madeira é hoje uma realidade. É uma obra relevante, importante econômica, social e politicamente para a região e para o País, mas a sua inauguração não serviu de pavimento para as prováveis candidaturas de Rocha à reeleição e de Hildon que busca subir novos degraus na política. Mas temos que reconhecer, que a maior fatia do bolo inaugural da ponte ficou com Marcos Rogério.