Por Poder 360
Publicada em 12/05/2021 às 09h55
O Tribunal de Apelação de Paris determinou, nesta 4ª feira (12.mai), que as empresas Air France e Airbus sejam processas por “homicídio involuntário” por sua responsabilidade indireta na queda do avião que fazia o voo Rio-Paris em 2009, e que matou 228 pessoas.
A decisão, motivada por apelos da Procuradoria Geral e de familiares das vítimas, invalida a suspensão do processo proferida em 2019, que favoreceu a companhia aérea franco-holandesa e o fabricante europeu de aeronaves no encerramento das investigações.
Os advogados da Airbus anunciaram imediatamente que irão apelar para a Suprema Corte e denunciaram uma “decisão injustificada“.
“A Air France nega ter cometido um crime que causou este terrível acidente”, disse o advogado da companhia aérea, François Saint-Pierre.
As famílias das vítimas, por outro lado, receberam a notícia com alívio. “É uma grande satisfação ter a sensação de finalmente ter sido ouvido pela justiça”, disse Danièle Lamy, presidente da associação ‘Entraide et Solidarité AF447’ (Ajuda Mútua e Solidariedade AF447).
Em 1º de junho de 2009, um Airbus A330 cobrindo a rota Rio de Janeiro-Paris caiu no Oceano Atlântico. Todos os passageiros e tripulantes – 228 pessoas de 34 nacionalidades – morreram no acidente, o pior da história da companhia aérea francesa.
Os restos do aparelho e as caixas pretas foram encontrados dois anos depois, a quase 4.000 metros de profundidade.
UMA DÉCADA DE BATALHA JUDICIAL
Em 2019, depois de uma década de batalhas judiciais, a procuradoria de Paris solicitou um julgamento apenas contra a Air France, avaliando que a companhia aérea “cometeu negligência e imprudência” nos treinamentos seus pilotos.
Mas os juízes de instrução não seguiram sua recomendação e pronunciaram a suspensão geral do processo. Para eles, o acidente se deveu “a uma combinação de elementos que nunca haviam ocorrido e que, portanto, revelaram perigos nunca antes percebidos“.
Indignados, as famílias das vítimas e o sindicato dos pilotos apelaram, assim como a acusação.
Em apoio às partes civis, o procurador-geral foi além das exigências do Ministério Público de Paris, do qual é superior, ao solicitar que não só a Air France, mas também a Airbus fossem a julgamento.