Por Rondônia Dinâmica
Publicada em 11/05/2021 às 09h29
Os trabalhos da CPI da COVID no Senado seguem diariamente sempre com embates entre opositores e defensores do presidente Jair Bolsonaro. Ontem, o senador Marcos Rogério (DEM) fez declarações à imprensa e disse que a comissão está se transformando em um verdadeiro tribunal de inquisição. "Querem colocar no presidente o carimbo de culpado.", disse ele.
Ele voltou a defender a convocação de governadores e prefeitos pela comissão para que expliquem sobre os gastos de verbas federais na pandemia. Marcos é um dos quatro apoiadores do presidente na CPI da COVID que é composta por 11 membros. Marcos Rogérgio quer desviar o foco para governadores e prefeitos para livrar a cara do presidente.
“Com todo respeito, está cheio de gente com solução pronta para um problema complexo. Não cola. É preciso olhar para os dados reais.”
Na avaliação que fez sobre os depoimentos dados à comissão na semana passada, Marcos Rogério disse que foram necessários, pois não há como iniciar os trabalhos sem ouvir os ministros que estiveram à frente da Saúde desde que começou a pandemia no País. “Tirando as avaliações de ordem política, do ponto de vista da apuração de fatos, não há nada de novo a acrescentar a um processo de investigação”, comentou.
Ao ser questionado sobre a carta enviada pelo ministro Luiz Henrique Mandetta, que levou a oposição a declarará-la como prova da omissão do presidente na pandemia, Marcos Rogério falou que “não iria fazer juízo de valor sobre esse novo comportamento” do ex-ministro, apesar de ter deixado claro que, se à época o Ministério deixou de fazer alguma coisa, a culpa seria do próprio Mandetta, que era gestor da pasta.
Veja outros trechos da entrevista, onde o senador rondoniense defende com unhas e dentes a inocência do presidente:
Os oposicionistas vêm dizendo que esses primeiros depoimentos apontaram para o que eles chamam de "ministério paralelo", um centro de aconselhamento para questões da pandemia que passa longe do Ministério da Saúde. Qual a sua visão sobre isso, em especial sobre a participação do Carlos Bolsonaro nesse gabinete paralelo?
O papel da oposição é fazer oposição. O que vejo na CPI é uma tentativa reiterada de construir ou reafirmar uma narrativa pronta. Os membros da CPI de oposição já tem uma lista de pré-julgamentos. É só observar os pronunciamentos no dia de instalação da CPI e como se pronunciaram aqueles que fazem parte da oposição.
Vai chegar o momento em que você vai ter de colocar essas provas na mesa e fazer a valoração probatória, mas este não é o momento. Este é o momento de buscar, checar, conferir e, no final, julgar. Mas agora estão passando os carros na frente dos bois.
Os governadores tiveram autonomia para dizer o que seria feito. Quem adotou protocolo mais radical, as taxas de internação e mortes são menores do que em outros estados que seguiram perfil mais equilibrado, moderado?
Os dados não apontam nessa direção.
Então, com todo respeito, está cheio de gente com solução pronta para um problema complexo. Não cola. É preciso olhar para os dados reais. Querem colocar no peito do presidente o carimbo de culpado por todos os erros da pandemia. Isso é injusto, é desonesto.
O sr. defende que os governadores sejam chamados a falar, embora eles não possam ser convocados?
Eu defendo que a investigação chegue onde ela tem de chegar. Neste momento há um foco no Ministério da Saúde. OK. Ela foi aprovada com essa finalidade. Mas ela também foi aprovada para investigar o caminho dos investimentos, do dinheiro, recursos e equipamentos foram encaminhados aos estados e municípios. A investigação para ser séria precisa chegar onde chegou o dinheiro e o que foi feito com ele.
Aproveitando que o sr. está falando de colocarem no peito do presidente o carimbo de culpado, queria perguntar sua opinião sobre o relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL). O relator foi escolhido pelo presidente da comissão. Eu divirjo de como ele conduz o relatório, mas respeito, ele está no papel dele.
Agora a maneira como ele conduz a tomada de depoimentos, é só observar. Você vai ver que tem tratos e tratos. Com o Mandetta foi um tratamento, com o [ministro da Saúde, Marcelo] Queiroga foi completamente diferente. Ele tenta induzir o depoente a uma resposta que satisfaça o seu interesse. Isso não é tomada de depoimento.
Os próximos depoimentos preocupam os senhores? Em especial do Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação, que já atribuiu ao Ministério da Saúde a culpa por atraso na compra de vacinas da Pfizer? Não. O governo não tem de se preocupar com depoimento. O que nos causa preocupação é a linha de condução da investigação.
Me parece querer confirmar a todo o tempo uma narrativa pronta. Isso preocupa. O governo não tem de temer a investigação. Tem de ser colaborativo. O que o governo não pode aceitar é uma narrativa de uma comissão que tem um comportamento que mais parece um tribunal da Inquisição, que tem um pré-julgamento muito claro. Isso não dá para aceitar.