Por Fenae e SEEB-RO
Publicada em 06/05/2021 às 09h09
Passado mais de um ano desde o início da pandemia da Covid-19, o clima entre os empregados da Caixa ainda é de apreensão. Mesmo com as cobranças das entidades representativas dos trabalhadores, o cumprimento das medidas de proteção para evitar o contágio do vírus ainda deixa a desejar, conforme relatos dos próprios empregados que chegam as entidades sindicais e associativas.
Na linha de frente do atendimento em uma agência de São Paulo, uma empregada que pediu para não ser identificada, relata que somente em março deste ano a proteção de acrílico foi instalada em sua mesa.
“Acredito que todos estavam perdidos no início da pandemia, mas os equipamentos de segurança demoraram a chegar. Eu comprei por conta própria meu álcool e minha máscara. Não dava para esperar a burocracia do banco”, destaca.
Os bancos foram listados como serviço essencial no decreto presidencial 10.282/2020. Para tentar reduzir a transmissão do novo coronavírus no banco público, a Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE/Caixa) defendeu junto a direção da empresa aplicação de medidas para proteger os trabalhadores e a população do contágio do vírus.
Em 2021, embora o banco não divulgue os dados oficiais, ocorreram mais casos de Covid e mais óbitos que em 2020, alerta o coordenador em exercício da CEE/Caixa, Jorge Luiz Furlan. Segundo ele, a comissão tem pressionado a direção da empresa para respeitar as medidas de segurança. “Os protocolos têm que ser seguidos e não estão sujeitos a avaliação do gestor”, reforça.
No decorrer de 2020, as representações dos trabalhadores cobraram uma série de medidas para reduzir a exposição ao vírus nas unidades da Caixa, como a compra e distribuição de Equipamento de Proteção Individual (EPI), instalação de protetores em acrílico, inicialmente para os guichês de atendimento e posteriormente nas mesas, higienização das unidades, realização apenas de serviços essenciais nas agências, home office dentre outros. Foi reivindicado também a suspensão de metas e descomissionamentos.
Segundo Leonardo Quadros, membro da CEE/Caixa e presidente da Apcef/SP, o banco atendeu a esses pontos, mas em junho de 2020 voltou a cobrar as metas e iniciou um movimento de retorno ao trabalho presencial de empregados das áreas em home office, boa parte desses empregados pertencentes a grupos de risco.
Com a pressão das representações dos trabalhadores, o trabalho remoto foi prorrogado até 30 de junho. No entanto, as entidades sindicais criticam o modelo aplicado por conta da ausência do registro da jornada de trabalho, a responsabilidade de custos pelos empregados, como internet e energia elétrica, e a exoneração da Caixa das responsabilidades pelas condições de trabalho.
Outra reivindicação feita pela CEE/Caixa foi a testagem em massa dos empregados, que a Caixa realizou em meados de setembro, mas não compartilhou os resultados para que pudessem ser debatidas melhorias nos protocolos de prevenção.
Para os trabalhadores que estão na linha de frente e que atenderam quase metade da população do país em 2020, pagando auxílio emergencial e outros benefícios sociais, falta reconhecimento por parte da empresa. Com foi o caso da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) Social, em que a Caixa desrespeitou os empregados e agiu de má-fé ao fazer o cálculo do pagamento com base na divisão linear entre todos os empregados de 3% do lucro líquido, e não de 4%, como determina o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) vigente.
“Você pode atender 100 pessoas do Caixa Tem, mas se não vendeu um cartão, um seguro, ou os produtos você não tem valor para Caixa. Ao invés de reduzir a exposição, acaba aumentando. Porque atendemos além do serviço essencial”, desabafa a empregada de São Paulo em relação a pressão para o cumprimento de metas.
Diante desse cenário, cresce também a pressão das entidades representativas para incluir os empregados Caixa no grupo prioritário de vacinação contra a Covid-19. A Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) encaminhou dois ofícios, em 2021, ao Ministério da Saúde, com esse pleito.
Em 7 de abril, a Fenae e as Apcefs lançaram campanha “Vacina Já”, visando pressionar o governo pela vacinação para todos os brasileiros e a inclusão dos empegados da Caixa entre as prioridades do Plano Nacional de Imunização.
“Reforçamos a necessidade de incorporar os empregados Caixa no grupo prioritário. Se o governo inclui estes trabalhadores nas atividades essenciais, eles devem ser prioritários na vacinação. Não só os bancários, mas todos os brasileiros que atuam na linha de frente de combate à pandemia”, defende o presidente da Fenae, Sergio Takemoto.