Por G1
Publicada em 03/05/2021 às 15h11
O Ministério da Saúde da República Democrática do Congo (RDC), na África Central, anunciou, nesta segunda-feira (3), o fim do surto de ebola que começou em fevereiro no país. Ao todo, 12 casos foram detectados: 6 pessoas morreram e 6 se recuperaram. O surto foi o 12º a atingir o território congolês – o quarto em menos de 3 anos.
O anúncio do fim do surto foi repercutido pelo escritório da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a região africana, que responde por 47 dos 54 países do continente.
"O último surto de ebola na República Democrática do Congo foi declarado encerrado após apenas 3 meses", publicou o escritório regional da OMS na África em sua conta na rede social Twitter.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, elogiou as equipes de saúde do país pelo fim do surto.
“A declaração de hoje sobre o fim do último surto de ebola na República Democrática do Congo é uma prova do profissionalismo, sacrifícios e colaboração de centenas de verdadeiros heróis da saúde, em particular os congoleses”, disse Tedros.
“A Organização Mundial de Saúde está empenhada em ajudar as autoridades nacionais e locais, e o povo de Kivu do Norte, a prevenir o retorno deste vírus mortal e a promover a saúde geral e o bem-estar de todas as comunidades em risco", declarou o diretor.
O vírus do ebola é transmitido às pessoas a partir de animais selvagens e se espalha na população humana por meio da transmissão de pessoa para pessoa. A taxa média de letalidade é de cerca de 50% – o que significa que, a cada 10 pessoas infectadas, geralmente 5 morrem.
Vacinas já foram desenvolvidas e têm sido usadas para ajudar a controlar a propagação de surtos. O tratamento é de suporte e com hidratação.
Surto
O primeiro caso da doença na República Democrática do Congo foi detectado em fevereiro, na cidade de Butembo, província de Kivu do Norte (veja mapa mais abaixo). A cidade fica a cerca de 150 km da fronteira com Uganda e havia preocupações sobre a potencial propagação do surto pela fronteira.
"No entanto, devido à resposta eficaz, o surto ficou limitado à província de Kivu do Norte", anunciou a OMS.
"Parabéns às autoridades de saúde, profissionais de saúde e comunidades por este esforço", disse a OMS regional.
Os resultados do sequenciamento do genoma conduzido pelo Instituto Nacional de Pesquisa Biomédica do país descobriram que o primeiro caso de ebola deste surto estava relacionado a um surgimento anterior, do ano passado, mas a fonte da infecção ainda não foi determinada.
“Grande crédito deve ser dado aos profissionais de saúde locais e às autoridades nacionais por sua pronta resposta, tenacidade, experiência e trabalho árduo que controlaram este surto”, disse Matshidiso Moeti, diretora regional da OMS para a África.
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“Embora o surto tenha terminado, devemos ficar alertas para um possível ressurgimento e, ao mesmo tempo, usar a crescente experiência em resposta a emergências para lidar com outras ameaças à saúde que o país enfrenta”, acrescentou a diretora.
Assim que o surto foi declarado, a OMS ajudou profissionais locais a rastrear contatos, fornecer tratamento, envolver as comunidades e vacinar cerca de 2 mil pessoas em alto risco, incluindo mais de 500 trabalhadores da linha de frente.
A entidade afirmou que a resposta foi frequentemente prejudicada pela insegurança causada por grupos armados e distúrbios sociais, que por vezes limitavam o movimento dos especialistas. A área onde ocorreu o surto tem grande trânsito de pessoas fazendo negócios ou visitando familiares e amigos, informou a OMS.
Apesar do fim deste surgimento, a entidade alertou que "surtos potenciais são possíveis nos próximos meses".
"É importante continuar com a vigilância sustentada da doença, monitorando os alertas e trabalhando com as comunidades para detectar e responder rapidamente a quaisquer novos casos, e a OMS continuará a ajudar as autoridades de saúde em seus esforços para conter rapidamente o ressurgimento repentino do ebola", disse a organização.
Além do ebola, a RDC também enfrenta – com um sistema de saúde considerado fraco pela OMS – surtos de sarampo e cólera e a pandemia de Covid-19. Segundo monitoramento da entidade, 768 pessoas já morreram de Covid no país.
O último surto de ebola antes deste a atingir a RDC foi no ano passado – quando casos surgiram em Kivu do Norte e em Équateur, no oeste do território congolês.
A província de Kivu do Norte – junto com as de Kivu do Sul e Ituri – também foi o local do 10º surto de ebola na República Democrática do Congo, que ocorreu entre agosto de 2018 e junho de 2020. Na época, 3.470 casos foram registrados e 2.287 pessoas morreram. Foi o maior surto da doença na história congolesa.