Por Notícia ao Minuto - Portugal
Publicada em 21/06/2021 às 16h22
"Acreditamos que abrimos as portas para uma nova era com os Estados Unidos numa base positiva e construtiva. O único pedido da Turquia [a Washington] é que a sua soberania económica e política seja respeitada e seja apoiada na luta contra organizações terroristas", disse Erdogan aos jornalistas, após presidir uma reunião do seu gabinete.
O líder turco expressou o desejo de aproveitar o "clima positivo" que caracterizou o encontro com Biden para "fortalecer os canais de diálogo" entre os dois países.
Os dois dirigentes encontraram-se em 14 de junho, paralelamente à cimeira da NATO em Bruxelas, pela primeira vez desde que Biden assumiu o cargo.
Várias áreas de desacordo entre Ancara e Washington tinham prejudicado as relações: desde a compra do sistema de defesa antiaérea russo S-400 pela Turquia, ao apoio norte-americano às milícias curdas na Síria, incluindo a recusa dos EUA de extraditar o teólogo Fethullah Gülen, acusado de orquestrar a tentativa de golpe de estado de 2016 contra Erdogan.
Como resposta à entrega à Turquia da primeira bateria do sistema de defesa antiaérea russo S-400, em 2019, os Estados Unidos excluíram Ancara do programa de produção do avião furtivo F-35, argumentando que os mísseis russos poderiam desvendar os segredos tecnológicos e eram incompatíveis com os dispositivos da NATO.
Desde então, a Turquia continuou a pedir a Washington a reintegração neste programa, alegando que a utilização dos S-400 não teria impacto nos sistemas de defesa da NATO.
As relações turco-americanas deterioraram-se desde que Joe Biden substituiu Donald Trump, aliado de Erdogan, na Casa Branca, em janeiro.
Biden reconheceu o genocídio arménio por parte do império otomano durante a I Guerra Mundial, irritando Ancara.
Durante a reunião em Bruxelas, Erdogan discutiu também com o homólogo norte-americano as modalidades de uma possível manutenção das forças turcas presentes no Afeganistão, após a retirada das tropas norte-americanas e da NATO prevista para setembro.
Nesse sentido, Washington saudou, em 17 de junho, o "claro compromisso" da Turquia de desempenhar um "papel-chave" na segurança do aeroporto de Cabul, após a partida das tropas norte-americanas e estrangeiras.