Por Montezuma Cruz/Secom
Publicada em 16/06/2021 às 09h44
Com área de 1,45 mil km² e 18,5 mil habitantes, Colorado do Oeste, a 755 quilômetros de Porto Velho, completa hoje (16) 40 anos, projetando-se no cenário do sul de Rondônia por sua pujança agropecuária e também pela agroindústria. Este ano, conforme publica o Portal da Transparência da Controladoria-Geral da União, o município recebeu R$ 8,06 milhões federais, dos quais, R$ 2,31 milhões já foram investidos.
Colorado nasceu da força migratória e do prestígio de dois grupos empresariais, um paranaense, outro paulista, que tomaram posse de ricas faixas de solo avermelhado, indicador de terra fértil.
O nome da cidade homenageia o rio Colorado. Nas atrações turísticas divulgadas são estes os locais recomendados para visitas: ginásio poliesportivo municipal, praça da Rodoviária, Lago da Rodoviária, Estádio Municipal e Igreja Matriz Nossa Senhora Aparecida.
O que nem todos se lembram é que ali no sul ocupado por soja e gado bovino, também havia um garimpo de ouro denominado Topless. Da estrada se contemplavam dois morros salientes, lembrando seios de mulher, daí o nome.
O então presidente da Companhia de Mineração de Rondônia (CMR), Magnus Guimarães informava, em novembro de 1985, que o prefeito Marcos Donadon solicitava à Secretaria Estadual da Fazenda (hoje Sefin) uma equipe de fiscalização para evitar a sonegação do Imposto Único Sobre Minerais.
Com o objetivo de formar extensas fazendas de gado bovino, veio para aquela parte da região sul de Rondônia o grupo Terra Rica S.A. Os empresários Oscar Martinez [nos anos 1980, dono do Canal de TV CNT, no Paraná] e João Arantes do Nascimento, disputavam as mesmas terras procuradas por colonos pioneiros e posseiros.
Entre 1973 e 1974, quando o extinto território federal era governado por Teodorico Gahyva, sucedido por João Carlos Marques Henrique, que anteriormente já governara, um abaixo-assinado de colonos chegou ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), reivindicando terras devolutas – primeiramente, para os donos da imobiliária. E lá se foram os empresários em busca da sensatez do capitão da Aeronáutica Sílvio Gonçalves de Farias, coordenador regional do (Incra) e fundador de Ariquemes.
O primeiro confronto surgiu, a partir do momento em que o Incra constava que esses grupos não tinham como provar a posse de suas terras. Na região sul de Rondônia, o próprio instituto fomentara a distribuição de LOs [licenças de ocupação], que até hoje dão problemas na titulação efetiva de famílias.
O Instituto cuidou logo de avisar Brasília e solicitar autorização para assentamentos de famílias no Projeto de Colonização Paulo de Assis Ribeiro, criado pela Portaria n.º 1.480, de 4 de outubro de 1973. As primeiras famílias receberam seus lotes [100 hectares cada um] em 1975. Dois anos depois, o lugar fervilhava de migrantes.
O projeto original da cidade tem uma diferença quilométrica: a área escolhida não fora aceita pelos pioneiros, que preferiram não se afastar de outra, onde havia mais água.
OURO NA SERRA
Corria o ano de 1985. Nas ruas da pequena cidade, paranaenses sem tradição na exploração do ouro se misturavam a algumas centenas de homens procedentes de diferentes lugares da Amazônia. Eles traziam apenas a roupa do corpo, a mochila, o rádio de pilha e algum dinheiro.
A maioria chegava atraída por notícias divulgadas pela Rádio Nacional de Brasília, dando conta da existência de um metal fino com 14% a 16% de impurezas.
Ali chegavam garimpeiros vindos de Itaituba, Jacareacanga e Serra Pelada (ambas no Pará), Alta Floresta e Cuiabá (MT), ou expulsos pela cheia do rio Madeira.
Hotéis, pensões e dormitórios cobravam diárias de 20, 25 e 30 mil cruzeiros. Em matéria da criatividade de nomes, as “fofocas” de Colorado iam além do Topless: Sete Voltas, Grota do Armando, Serra da Tanguinha, Grota da Rolinha e Baixão do Enganado.
O grupo Anglo American colocava os pés na região, negociando ouro e diamantes por meio de suas propostas, as minerações Sopeme, São João e Tanagra. A Companhia de Mineração de Rondônia (CMR) instalava um escritório e começava a comprar também, pagando 120 mil cruzeiros o grama.
As grotas com sete a 10 metros produziam 40 a 50g por dia. Muito pouco, segundo o gaúcho Anibaldo Augustini, que alertava:
“Ouro aqui só dá no fundo do terreno, por enquanto, só estamos no rastro”.
O mais conhecido bamburro (achado) de ouro em Colorado coube ao garimpeiro Zé Goiano: ele obteve três quilos depois de quatro meses de escavações. O piauiense José Marques de Souza, retirante de Serra Pelada, dizia ter encontrado ametista em Xambioá (PA), aventurando-se depois na Bolívia, de onde saiu deportado com outros brasileiros. “Lá na serra eu me lasquei: perdi minha caminhonete D10 e R$ 100 milhões que paguei para os diaristas que trabalhavam comigo. Só para tirar 300 gramas de ouro”, lamentava na ocasião.
Da batalha contra a Rio Doce Geologia e Mineração (Docegeo) em Serra Pelada aos morros de Colorado, a parada foi dura para garimpeiros que já estavam em Rondônia e para os que chegavam depois das notícias dadas pelo rádio.
O cearense, Pedro Lino Silva, teve que correr de Espigão do Oeste, trazendo junto um grupo com mais de 20 companheiros. Haviam sido despejados pela empresa Mequimbrás, porque retiravam cassiterita de uma mina abandonada. Os empregados confiscaram peneiras, bateias, pás e picaretas. E a polícia ficava com todos esses equipamentos.
ZOOTECNIA EM DESTAQUE
Em maio passado, o professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (Ifro), Fagton de Mattos Negrão, que também é coordenador do Curso de Zootecnia do Campus Colorado do Oeste, foi eleito como “coordenador do ano” pela Associação Brasileira de Zootecnistas (ABZ). Esse certame lhe conferiu o Prêmio Mário Hamilton Vilela. Ao receber a notícia, on-line, durante a abertura do 30º Congresso Brasileiro de Zootecnia, ele disse: “Me senti muito honrado pelo reconhecimento, feliz em saber que somamos com a zootecnia brasileira”.
ESTATÍSTICA
PIB R$ 330,4 milhões
Renda per capita: R$ 20,3 mil (2019)
IDH: 0,685 (2010)