Por Notícia ao Minuto - Portugal
Publicada em 29/06/2021 às 15h28
A falta de dinheiro no Irã levou as autoridades de Teerão a pressionar as de Bagdá para antecipar pagamentos de energia, o que foi rejeitado pelo Iraque.
A decisão iraniana surge numa altura em que já se registam na região as altas temperaturas habituais desta época do ano, a par da aproximação das eleições legislativas no Iraque, marcadas para 10 de outubro próximo, as primeiras desde que começaram os protestos antigovernamentais, em 2019.
O ministro da Eletricidade iraquiano, Majed Mahdi Hantoosh, apresentou segunda-feira a demissão face à pressão popular e política sobre as repetidas interrupções de energia em todo o país.
As províncias do sul do país - onde as temperaturas atualmente estão em torno de 50 graus Celsius - estão a encurtar as horas de trabalho devido ao calor extremo.
A dependência do Iraque das importações de energia do Irã tem consequências geopolíticas e tem sido uma fonte de tensões contínuas com os Estados Unidos.
Washington adotou sucessivas sanções - permitindo que as importações continuem - ao Iraque para que o país possa investir mais no setor para garantir a independência energética.
Em causa está também o futuro do Governo iraquiano, uma vez que os cortes de eletricidade têm gerado protestos violentos, sobretudo no sul.
As saídas de quatro linhas interligadas de eletricidade do Irã para o Iraque estão hoje a zero, segundo dados do Ministério da Eletricidade iraquiano consultados pela agência noticiosa Associated Press (AP).
Os cortes totais começaram esta semana, disse um funcionário do ministério, que pediu anonimato.
As importações de gás e eletricidade do Irã permitem atender até um terço das demandas da energia do Iraque.
"O Iraque depende fortemente das importações de energia do Irã, sobretudo nos meses do pico do verão", disse Yesar al-Maleki, um analista político do Golfo Pérsico no Instituto de Investigação Económica do Médio Oriente.