Por Rondoniadinamica
Publicada em 19/06/2021 às 09h44
Porto Velho, RO – O atual governador de Rondônia Marcos Rocha, sem partido, que se cuide!
Ao menos eleitoralmente falando...
A cada dia que passa em relação aos trabalhos desenvolvidos pela CPI da Pandemia, mais o senador Marcos Rogério, do DEM, se aproxima do presidente da República Jair Bolsonaro, também sem legenda.
Desde já se evidencia óbvio conflito de interesses entre as duas autoridades que deverão colocar seus respectivos nomes à disposição do eleitorado regional no ano que vem.
Rocha, com intento de um novo mandato, querendo a manutenção das rédeas do Palácio Rio Madeira por mais quatro anos; e Rogério, seu xará de prenome, visando cravar de vez suas credenciais na história política do estado que por ora vem lhe conferindo carreira meteórica no metiê.
Como pano de fundo da disputa pré-campanha ainda silenciosa, o apoio do mandatário do Planalto.
O congressista, chamado como cabeça da tropa de choque do bolsonarismo na CPI pela revista Crusoé, subproduto do grupo O Antagonista, vem colhendo os louros financeiros de sua performance.
Espertíssimo e afeito à autopropaganda, o membro rondoniense do Senado Federal teria sido agraciado pelo governo federal, de acordo com a Crusoé, com a liberação de R$ 127 milhões em verbas da União.
“Balão” na bancada de Rondônia
Em determinado trecho da matéria intitulada “A tropa do cheque”, o texto indica, inclusive, que Rogério sozinho conseguiu dar um “balão” – ou seja, simplesmente passou por cima –, das dezenas de propostas de emenda ao orçamento.
Em suma, fez com que deputados federais e os outros dois senadores da República comessem poeira no quesito liberação de recursos públicos.
“Desse valor, 22,9 milhões foram liberados no último dia 2 de junho para a construção de uma passarela sobre uma rodovia federal que corta Ji-Paraná. A manobra do Planalto para beneficiar o aliado fica clara. Ao definir para onde deveriam seguir os recursos das emendas de bancada, os parlamentares federais de Rondônia apresentaram, no orçamento deste ano, um total de 20 propostas. A única que foi atendida até o momento foi justamente a que interessa a Marcos Rogério”.
Em outra passagem da reportagem, a revista online revela que Ji-Paraná, cidade natal e polo eletivo de Marcos Rogério, tornou-se ponto crucial de investimentos federais.
“Com 130 mil habitantes, já foi contemplada com um total de 33 milhões de reais. A cifra supera até a da capital do estado, Porto Velho, que tem uma população quase cinco vezes maior e para onde foram destinados, até o momento, 14 milhões. Enquanto dá a cara à tapa na CPI como advogado do governo, localmente Marcos Rogério se vangloria dos recursos que tem conseguido destinar para a sua região”.
Em nota enviada a Crusoé, “Marcos Rogério negou que haja relação entre as liberações de verba e sua postura pró-governo na CPI”.
“Não cabe dizer que há relação com a comissão parlamentar de inquérito”, escreveu.
“O senador disse desconhecer a emenda de 22,9 milhões de reais para sua cidade, apesar de a equipe técnica do Ministério da Infraestrutura, órgão de origem do recurso, informar que é ele o “padrinho” da liberação”.
Nitidez estratégica
Quanto mais holofotes alcança, especialmente os nacionais, mais nítida se torna a estratégia de Marcos Rogério.
Com a mão do presidente da República sobre os ombros, o congressista usa a malfadada CPI da Pandemia, um verdadeiro picadeiro para todos os lados, como palco a fim de excursionar toda a extensão de seu personagem político, incluindo a empostação de voz costumeira e trejeitos discursivos próprios de quem está desesperado para ser visto de fora para dentro como um intelectual no parlamento.
De qualquer maneira, é preciso reconhecer que como marqueteiro de si mesmo e na hora de “dobrar” os outros oito deputados federais e demais senadores eleitos por Rondônia, oras, Rogério detém a expertise necessária.
Foi tão sagaz em seu objetivo que boa parte do público sequer recorda que ele e Renan Calheiros, hoje antagonistas, veja a ironia, já foram aliados na hora de enterrar de vez a CPI da Lava Toga.
Mas o “coveiro” Marcos Rogério também sabe desenterrar. E é isso que tem feito com a própria reputação depois da dobradinha com Calheiros para “aliviar” os ministros do Supremo (STF).
E são por esses e outros tantos motivos que Marcos Rocha e estafe precisam abrir os olhos na hora de contabilizar com certeza absoluta o apoio irrestrito de Jair Bolsonaro, porque, aparentemente, o presidente demonstra clara intenção de fazer apostas difusas em Rondônia.