Por Robson Oliveira
Publicada em 01/06/2021 às 15h15
RESENHA POLÍTICA ROBSON OLIVEIRA
MOBILIZAÇÃO
Apesar de factíveis as explicações do Governo de Rondônia sobre as amarras jurídicas em razão da pandemia para conceder reajuste nos soldos da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, o problema vem sendo empurrado muito antes da decretação do estado pandêmico, o que levou o ex-Comandante Geral a pedir exoneração e passar a se opor politicamente ao governador. Não há como deixar de reconhecer que os soldos estão defasados e as polícias têm atuado firmes neste período de calamidade, sem nenhuma vantagem salarial adicional, enquanto outras profissões que atendem às pessoas acometidas do coronavírus receberam gratificações suplementares.
PROMESSA
O governador é oriundo da caserna e conhece mais do que qualquer outro chefe do executivo estadual as condições com que a tropa exerce as funções. A melhoria dos soldos era uma das promessas de campanha e estamos na metade do terceiro ano de governo sem que a palavra empenhada tenha se tornado efetivamente em melhoria salarial. O momento pode ser inadequado para aumento real devido às amarras jurídicas, mas com boa vontade uma gratificação pelo trabalho na pandemia cairia bem, até que o soldo pudesse ser realinhado definitivamente. Segundo o próprio governador, as finanças estaduais estão a todo vapor.
GREVE
Legalmente é vedado aos militares a participação em movimentos políticos e paredistas. Os precedentes não são alvissareiros e revelam excessos que foram registrados com violência e indisciplina. A PM de Rondônia tem uma tradição de protestar silenciosamente e cautelosamente em vários governos civis que passaram. Neste governo não está sendo diferente, a diferença é que as mulheres dos praças não estão tão ativas como no passado. Uma greve militar é ilegal, mas não podemos deixar de reconhecer que a reivindicação é justa. Independentemente das paixões ideológicas.
ESPECULAÇÃO
As constantes aparições do senador Carlos Bolsonaro na capital rondoniense de surpresa e sem uma agenda política pré-estabelecida estão intrigando os meios políticos e sociais. No sábado passado, a bordo do luxuosíssimo carro do vice-prefeito Maurício Carvalho, o senador desfilou pelas ruas da cidade provocando alguns cidadãos que protestavam contra o governo do pai. Provocou com pantomima de arma, deu gargalhadas e depois foi a um regabofe organizado pelo vice-prefeito com direito a dancinha coreografada por lindas beldades. Estas aparições inesperadas têm provocado todo tipo de especulação por se tratar de uma autoridade senatorial e filho do presidente, sem “negócios” formais por estas bandas.
FIMCA
Nas redes sociais o senador carioca e primogênito dos Bolsonaros aparece numa visita dentro de uma das universidades do genitor do vice-prefeito da capital e da deputada federal Mariana Carvalho. Nas gravações, Flávio aparece ao lado pai dos dois rebentos políticos admirando o complexo universitário que possui entre outros cursos, o rentável curso de Medicina. É possível perceber a forma encantadora com que o senador fita o conjunto arquitetônico da FIMCA.
DESPRESTÍGIO
Embora a família Carvalho seja “donatária” do PSDB em Rondônia, partido hoje crítico à administração de Jair Bolsonaro, não há nenhum registro de que o senador Flávio Bolsonaro tenha se encontrado com o governador coronel Marcos Rocha. É possível que o governador de Rondônia não tenha com o senador a mesma intimidade que fala possuir com o presidente.
MANTRA
Mas é estranho que o primogênito do presidente ignore em suas visitas a Rondônia o chefe do executivo estadual. Marcos Rocha repete feito mantra que é amigo de Bolsonaro desde a época da caserna e que tem linha aberta com o presidente, mas na única vinda do presidente a Rondônia para inaugurar uma ponte em nosso solo, o que se viu foi um Bolsonaro mais íntimo do governador do Acre, Gladson Cameli, e do ex-governador Ivo Cassol, do que do governador Marcos Rocha. Um mantra que nas eleições de 2021 tem tudo para não voltar a colar em razão das relações que os Bolsonaros estabeleceram com o senador Marcos Rogério, conhecido na corte como o Zero Seis.
LUPA
Está sobre a mesa de um dos burocratas do Ministério da Educação um pedido de autorização para que seja aberto mais um curso de Medicina em Rondônia. A coluna apurou que o curso está destinado ao município de Jaru. É bom acompanhar de perto este resultado porque tem tudo para explicar muitas curiosidades que andam ocorrendo em Rondônia. Faculdade com curso de ponta hoje é tão rentável quanto especulação imobiliária na Barra da Tijuca. Portanto, lupa.
EXPOSIÇÃO
O senador Marcos Rogério (DEM) é de longe o bolsonarista mais bolsonarista de Rondônia. Não é em vão que ganhou o epíteto de Zero Seis e faz da Comissão Parlamentar de Inquérito sua trincheira cega em defesa do presidente, ancorado em pesquisas de intenção de votos para presidente em Rondônia.
IMPONDERÁVEL
É um risco enorme que o senador Marcos Rogério corre porque aposta que esses números vão se manter até as eleições e, defendendo o presidente cegamente, é o caminho mais curto ao Palácio do Governo de Rondônia. Não mensura o imponderável, visto que política é como nuvem, já falava o velho político mineiro Magalhães Pinto. Ademais, em sua base hoje há um outro forte nome (Hildon Chaves) de olho no Governo. Nome este que pode fazer da imponderabilidade um pesadelo para o senador monocórdio.
POLÊMICA
Avança a passos largos na Câmara Federal, com aprovação na Comissão de Constituição e Justiça, a proposta para tornar elegíveis os políticos multados por contas rejeitadas por improbidade administrativa. O projeto é de iniciativa do deputado federal rondoniense Lucio Mosquini (MDB) que na justificativa sustenta que a rejeição de contas nas situações em que há apenas a imposição de multa, sem ressarcimento ao erário, não há gravidade suficiente de ensejar a limitação de direitos fundamentais, no caso direitos políticos passivos. O projeto segue agora a plenário que pode ampliar ainda mais estas exceções. Como diria um ministro, enquanto perdurar a pandemia, “a gente avança e passa a boiada”.
ESCÁRNIO
Embora o brasileiro seja um apreciador de um bom futebol e torce para assistir uma partida entre a seleção canarinho e a portenha, é um escárnio a realização da Copa América quando o país está ainda enterrando seus mortos vítimas da Covid. Não há justificativa sob qualquer pretexto e não adianta ideologizar a questão, pois o número de mortos do Brasil está entre os maiores do mundo. Um evento futebolístico envolvendo seleções de ponta causa aglomeração e tende a aumentar a epidemia. Nossos leitos tiveram uma ligeira folga, mas a qualquer momento tendem a estrangular mais uma vez caso nossas autoridades não criem juízo. E ao que parece não possuem juízo e nem compaixão.
MATA MATA
A Copa América atualmente e um torneio caça níquel e sem importância no mundo futebolístico. Já há quem sugira que seja eliminada a fase de grupos e que as seleções disputem numa única fase: mata mata. Pode parecer piada de mau gosto, porém, é a mais triste realidade. A antecipação da disputa eleitoral de 2021 abilolou de vez nosso capitão que estimula o time ao suicídio coletivo. O que chamará atenção desse torneio é o resultado macabro das mortes.