Por Robson Oliveira
Publicada em 22/06/2021 às 11h41
NEGACIONISMO
Na mesma semana em que o governador Marcos Rocha (sem partido) anunciou o decreto que na prática libera todas as atividades mercantes, religiosas e de entretenimento, os índices de infecção da pandemia aumentaram vertiginosamente, colocando Rondônia em vermelho no mapa nacional da pandemia. O sistema de saúde está prestes a estrangular mais uma vez, caso os prefeitos não adotem medidas mais restritivas contrariando o negacionismo governamental. O governo liberou inclusive eventos com até 999 pessoas, um número literalmente apocalíptico que tende a inflar o número de óbitos. Mas, felizmente, ontem, depois de muita pressão, decidiu mudar.
CABALÍSTICO
Ninguém esclareceu qual foi o critério utilizado pelo governo estadual para afrouxar as regras de isolamento e chegar ao número 999, liberando essa lotação para eventos. O que se sabe sobre este numeral é que invertido teremos 666, uma referência famosa do Apocalipse que podemos encontrar no livro de São João que diz: “Quem tiver discernimento, calcule o número da besta, pois é número de homem, e seu número é 666”. Daí esse número virou referência para falar sobre a imagem do mal. Não há outra explicação para esclarecer que o “gorro” que pariu o número 999, na verdade, inverteu a maldade, enganando os incautos que insistem em negar o óbvio. Deus que salve os rondonienses da besta do gorrinho.
RESPONSABILIDADE
Prevendo uma explosão dos números de infectados depois que o governador Marcos Rocha liberou geral a aglomeração, Hildon Chaves, prefeito da capital, baixou ontem um novo decreto estabelecendo limites à liberação estadual. Uma atitude que visa exclusivamente a proteção das vidas e que está em sintonia com todas as recomendações dos especialistas na área. Assim, o prefeito, diferente do governador, com responsabilidade atendeu os alertas do Conselho Regional de Medicina e do Conselho Regional de Enfermagem que, preocupados com o decreto estadual, advertiram para uma nova onda da pandemia em razão do afrouxamento das regras sanitárias.
VASSALAGEM
Há quem interprete a mudança de atitude do governador Marcos Rocha ante à pandemia, ao liberar geral, como uma forma de estar em sintonia com a peroração feita pelo presidente Bolsonaro que não esconde seu incômodo com as regras restritivas estatuídas para conter o vírus. Este realinhamento seria em razão do tratamento especial que o Palácio do Planalto tem dado ao senador Marcos Rogério (DEM), principal escudeiro do presidente na CPI da Covid. Ambos Marcos ensaiam se enfrentar em 2022 pelo Governo de Rondônia e disputam o apoio dos bolsonaristas que em Rondônia ainda são inúmeros.
TOMA LÁ, DÁ CÁ
Segundo a revista Crusoé, de circulação nacional, o senador Marcos Rogério é o único da bancada federal de Rondônia que vem sendo bem aquinhoado pelas liberações de emendas pela área econômica do governo federal. Seria, de acordo com a reportagem, a retribuição à forma pela qual o senador rondoniense tem defendido os interesses do presidente Jair Bolsonaro e, por isso, recebeu o epíteto de “Zero Cinco”. A publicação garante que somente para Ji-Paraná, município eleitoral do senador, foram liberados 22 milhões. O triplo do que a capital recebeu de emendas. A revista relata a façanha como algo imoral, mas a prática do toma-la-dá-cá foi utilizada por todos os governos anteriores, independente da ideologia. Infelizmente, porque não prioriza os investimentos.
BICUDOS
Embora Expedito Junior ainda não confirme publicamente que pretende ser candidato a candidato a senador, em privado a postulação sempre é estimulada nas andanças que faz pelo interior afora. O problema é que Jr continua filiado ao PSDB que também tem a deputada federal Mariana Carvalho interessada na vaga.
NOMINATA
Os principais partidos começam a filiar nomes densos visando as nominatas de deputado federal e estadual. Dependendo do que for aprovado no Congresso Nacional sobre as modificações da legislação eleitoral, algumas legendas de ponta podem não eleger nenhum parlamentar federal. O PSDB e MDB, por exemplo, caso não reajam imediatamente, vão encolher.
REVOADA
Quem acompanha as redes sociais da deputada federal Mariana Carvalho percebe as manifestações de tucanos ligados à estrutura estadual do partido insinuando que a única vaga ao Senado estaria reservada para a parlamentar, o que obrigará o ex-senador (Jr) bater asas em direção a outra legenda, caso decida disputar a única vaga senatorial nas eleições de 2022, provavelmente o PSD. Confirmando sua saída do ninho tucano, a tendência é que haja uma grande revoada em direção ao PSD e ao DEM.
MISÓGINO
É triste num mundo globalizado pela internet assistirmos cenas deprimentes de um chefe de estado agredindo com palavras ásperas uma jornalista por não gostar das perguntas feitas. Bolsonaro ataca a imprensa porque acha que o trabalho independente dos jornalistas o incomoda. Todo mandatário autoritário pensa que o cargo é eterno e que os jornalistas têm que reproduzir somente aquilo que interessa ao ditador de plantão. Quando a profissional é mulher o presidente aumenta o tom dos impropérios e desnuda seu lado grotesco de misógino. Quem aplaude este tipo de agressão também revela a personalidade enrustida e deformada que possui. Ao que parece estamos sucumbindo às trevas.
MEIO AMBIENTE
Os produtos brasileiros de origem vegetal e proteína animal podem sofrer retaliações nos mercados internacionais em razão da avanço predatório no meio ambiente, especialmente em mudanças de legislações já consolidadas que protegiam reservas. Os produtos rondonienses também estão na mira dos consumidores internacionais pela má política ambiental.
LENTIDÃO
Para piorar a situação ambiental rondoniense, ocorreram mudanças legislativas significativas flexibilizando biomas que faziam parte de reservas por anos protegidas. Atualmente algumas dessas leis modificadas sem critérios técnicos aguardam votação da constitucionalidade, mas dormitam em alguma gaveta no Tribunal de Justiça aguardando decisão. Enquanto isto vão passando a boiada...
FUMAÇA
O desmatamento e o avanço nas riquezas minerais ainda vão dar muita dor de cabeça em autoridade que faz da burocracia estatal um meio fácil para cometer atrocidades. Já dizia o adágio: "onde tem fumaça tem fogo". E durma-se com o barulho.