Por Rondoniadinamica
Publicada em 26/06/2021 às 10h03
Porto Velho, RO – Desde que o novo-velho Coronavírus (COVID-19/SARS-CoV-2) aportou em Rondônia já são 6,1 mil mortes causadas por conta dos seus desdobramentos.
Com a esperança trazida pelas vacinas, a sociedade passou a sentir que a situação está quase sob controle, isto a despeito da demora em relação à imunização dos povos espalhados pelas dezenas de cidades rondonienses.
Essas rédeas soltas – e a falsa sensação de potencial segurança – carregam consigo outro efeito colateral ilustrado perfeitamente por uma situação investigada pelo Ministério Público (MP/RO) e reportada pelo jornal eletrônico Rondônia Dinâmica no dia 15 de junho deste ano.
O inquérito civil público tem a ver com Guajará-Mirim, segunda maior cidade de Rondônia em extensão territorial, a oitava em termos populacionais (dentre cinquenta e duas) e também a mais antiga do estado.
Ainda que culturalmente rica e historicamente chamativa, aparentemente suas autoridades ainda enxergam Rondônia inteira como se fosse um lugarejo de gente provinciana, longe dos olhos dos órgãos de fiscalização e controle.
Não poderiam estar mais errados...
O promotor de Justiça Felipe Miguel de Souza quer saber se o casal Raíssa da Silva Paes, conhecida como Raíssa Bento, do MDB, prefeita da Pérola do Mamoré, quanto seu companheiro, Antônio Bento do Nascimento, secretário municipal de Obras, furaram a fila da vacina contra a COVID-19.
Além deles, são citados na mesma denúncia um ex-vereador e companheiros matrimoniais da área odontológica, ambos servidores públicos.
Frise-se, desde logo, que o procedimento pode ou não ser judicializado. Caso torne-se ação no Judiciário todos eles terão direito ao contraditório e à ampla defesa.
Agora, essas suspeitas podem dizer muito sobre como eixo específico ligado à classe política enxerga tanto a população quanto as instituições criadas justamente para coibir não só a malversação do erário, mas também demais condutas impróprias e ilegais, como a que se rascunha no horizonte em Guajará-Mirim.
Usar da condição de regente da Administração Pública, partícipe do Legislativo, componente do Judiciário, integrante do funcionalismo de modo geral, enfim, com intenção exclusiva de violar a prioridade a respeito de qualquer tema que seja, especialmente os voltados à saúde, mais especificamente ainda neste caos pandêmico incrustado em solo brasileiro, é algo tacanho. Não só isso. É também imperdoável, desumano, nojento, repulsivo e altamente preocupante.
E é preocupante justamente porque soa como se não houvesse lei. Soa como se os promotores não fossem capazes de fazer com que esta seja cumprida. Soa como se não existissem juízes em Berlim. Soa como se os desembargadores fossem cegos, surdos e mudos. E soa, principalmente, como se as pessoas simples não detivessem plenas condições de compreender o tamanho do eventual absurdo, escorraçando, se necessário, e através da urna, a horda pretensiosa e descompromissada do Poder.
Se aconteceu, é preciso cobrar o preço. E o preço tem de ser o exílio eterno da vida pública político-social.