Por RFI
Publicada em 19/06/2021 às 09h49
Ebahim Raisi, que era dado como favorito, venceu as eleições presidenciais no Irã já no primeiro turno. De acordo com resultados oficiais parciais divulgados neste sábado (19), o ultraconservador obteve mais de 62% dos votos.
“Com 28,6 milhões de votos apurados, Raisi obteve mais de 17.800.000”, declarou Jamal Orf, presidente da Comissão nacional eleitoral durante uma coletiva com a imprensa em Teerã.
“Eu felicito o povo por sua escolha”, disse o atual presidente do Irã Hassan Rohani em um discurso transmitido pela TV durante a manhã, antes mesmo dos resultados oficiais serem divulgados. “A mensagem de felicitação oficial será feita mais tarde, mas já sabemos quem teve votos suficientes e foi eleito hoje pelo povo”, disse o chefe de governo, sem citar o nome do vencedor.
Em mensagens nas redes sociais, retransmitidas pela imprensa iraniana, os três outros candidatos deram a entender que reconheciam a vitória de Raisi.
Para a oposição no exílio e defensores dos direitos humanos o ultraconservador de 60 anos é a personificação da repressão. Seu nome é associado às execuções em massa de detidos de esquerda em 1988, uma tragédia na qual ele nega qualquer envolvimento.
Abstenção
A eleição presidencial no Irã despertou pouco entusiasmo no país e pode terminar com um novo recorde de abstenção superior aos 57% registrados nas legislativas do ano passado. A sensação entre os iranianos sobre as eleições era de um jogo de cartas marcadas, no qual Raisi aparecia como favorito.
A seleção de candidaturas, feita pelo Conselho de Guardiães da Constituição, foi dura. Mais de 600 candidatos se inscreveram para concorrer, mas só 7 foram aceitos. Personalidades políticas de peso foram afastadas da disputa, como o ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad, o ex-presidente do Parlamento Ali Larijani, o atual vice-presidente Es-Hagh Jahanguiri e o reformista Mostafa Tajzadeh.
Os demais concorrentes parecem participar como figurantes: o general Mohsen Rezai, ex-líder da Guarda Revolucionária, disputou sem sucesso todas as eleições presidenciais nos últimos 20 anos, enquanto o conservador Amirhossein Ghazizadeh-Hachémi é deputado pelo partido Frente de Estabilidade da Revolução Islâmica no Parlamento e não convence os eleitores, de acordo com as últimas pesquisas de intenção de voto.