Por G1
Publicada em 14/07/2021 às 09h38
A demora do anúncio oficial de quem venceu a acirrada eleição presidencial do Peru, que ocorreu há mais de um mês, em 6 de junho, está prejudicando a transferência de poder no país andino.
Faltam exatas duas semanas para o término do governo do presidente interino, Francisco Sagasti, e até agora o órgão eleitoral não proclamou o resultado oficial.
O candidato de esquerda Pedro Castillo teve 44 mil votos a mais do que a sua rival de direita Keiko Fujimori, mas a candidata derrotada questionou cédulas e denunciou, sem provas, supostas fraudes.
Mas observadores internacionais avalizaram o processo eleitoral, inclusive a missão da OEA (Organização dos Estados Americanos) e o Departamento de Estado dos EUA, que disse que as eleições no Peru foram justas e são um "modelo de democracia na região".
País em crise
Quem for declarado vencedor tomará posse em 28 de julho, dia em que o Peru comemora o bicentenário de sua independência, e assumirá um país que atravessa grave crise política e sanitária.
Foram três presidentes em uma semana, em novembro do ano passado. O atual presidente é Francisco Rafael Sagasti, que assumiu interinamente após Martín Vizcarra sofrer um impeachment e seu sucessor, Manuel Merino, renunciar após cinco dias.
Em maio, após o governo revisar os números da pandemia, o Peru se tornou o país com o maior número de mortes por Covid-19 do mundo em relação à população (veja no vídeo abaixo).
São 5,9 mil óbitos a cada um milhão de habitantes, quase o dobro do segundo colocado (a Hungria, que tem 3,1 mil), segundo dados do "Our World in Data". O Brasil é o 9º pior, com 2,5 mil.
Em números absolutos, o Peru é o quinto país com mais mortes por Covid-19 do mundo (194 mil), atrás apenas de EUA (607 mil), Brasil (535 mil), Índia (411 mil) e México (235 mil).
Transferência de poder
O porta-voz do Júri Nacional de Eleições, Luis Alberto Sánchez, diz que o anúncio oficial do vencedor terá que esperar até o dia 20 (próxima terça) porque as autoridades terminaram de revisar todas as queixas pendentes, mas ainda faltam outros filtros e trâmites.
O atual ministro da Economia, Waldo Mendoza, disse na segunda-feira (12) que o presidente interino deu instruções a seu gabinete para que permaneçam trabalhando depois do dia 28, para ajudar na transferência de poder, caso o futuro governo considere apropriado.
"Ali estaremos pelo tempo razoável que exija esta situação, que é especial", disse o ministro a uma rede de televisão local.
Enquanto o Júri Nacional de Eleições não proclamar oficialmente o resultado, nenhum órgão público pode realizar reuniões de transferência de poder com a equipe daquele que ocupará a presidência.