Por AFP
Publicada em 28/07/2021 às 11h04
O líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, disse nesta quarta-feira (28) que a experiência do governo de Hassan Rohani em suas relações com as potências mundiais, entre elas os Estados Unidos, mostra que "confiar no Ocidente não funciona".
Principal êxito diplomático do presidente agora em final de mandato, o acordo firmado em 2015 entre Teerã e as grandes potências implicava a suspensão das sanções internacionais em troca de o Irã limitar o desenvolvimento de seu programa nuclear.
Em 2018, porém, o então presidente americano, Donald Trump, implodiu o pacto, ao se retirar unilateralmente e reinstalar sanções à República Islâmica.
"As gerações futuras deveriam aproveitar essa experiência. Ficou claro, durante este governo, que confiar no Ocidente não funciona", disse Khamenei a Rohani e a membros de seu governo, de acordo com o site do líder supremo.
Desde abril, em Viena, o Irã se encontra em negociações com as grandes potências e, indiretamente, com os Estados Unidos, na tentativa de ressuscitar o acordo. O diálogo parece estar em ponto morto, no entanto, pelo menos até o fim do mandato de Rohani, no início de agosto.
"Eles não ajudam. Afinal, são o inimigo", insistiu Khamenei, ao se referir aos problemas que surgiram ao longo das negociações com os países ocidentais e, principalmente, com os Estados Unidos.
Em sua página institucional on-line, o guia supremo disse ainda que Washington condicionou seu retorno ao pacto mundial a "futuras" discussões sobre o programa balístico iraniano.
Para ele, os Estados Unidos querem incluir em um eventual acordo, sob pena de não assiná-lo, que "alguns temas sejam discutidos no futuro".
"Com esta frase, querem ter uma desculpa para suas futuras ingerências sobre o próprio acordo, os mísseis e as questões regionais", denunciou Khamenei.
Na próxima semana, Rohani entrega o poder ao ultraconservador Ebrahim Raisi, vencedor da eleição presidencial realizada em junho deste ano.