Por Notícia ao Minuto - Portugal
Publicada em 05/07/2021 às 16h12
A reunião centrou-se "especialmente no estado das relações" entre estas duas grandes economias, de acordo com um comunicado do Governo alemão, no momento em que são públicas as divergências e as sanções recíprocas.
Um comunicado da Presidência francesa faz ainda referência ao facto de os três líderes terem concordado em que há "uma janela de oportunidade" para recuperar o acordo nuclear com o Irão, assinado em 2015, que ficara em risco depois do abandono unilateral por parte dos EUA, em 2018.
Além disso, acrescenta o breve comunicado, os três líderes falaram sobre o comércio internacional, a luta contra as mudanças climáticas, a proteção da biodiversidade e a cooperação internacional em tempos de pandemia.
Na frente climática, antes da cimeira do clima de Glasgow (COP26) no final do ano, "a chanceler e o Presidente Macron defenderam mais ajustes nas metas emissões de CO2", pode ler-se no documento do Governo alemão.
As Nações Unidas têm repetidamente instado os países a "aumentar as ambições" nesta área, para conter o aquecimento global, na esperança de que o aumento das temperaturas não ultrapasse dois graus Celsius em relação aos níveis pré-industriais, conforme assinado no Acordo de Paris.
Os compromissos anunciados até agora - e os da UE e da China estão entre os mais ambiciosos - não são suficientes para atingir a meta que, segundo especialistas, evitaria as consequências mais catastróficas do aquecimento global.
Os dois dirigentes europeus também se manifestaram a favor de "esforços comuns adicionais para a proteção da biodiversidade", por ocasião da conferência sobre o assunto marcada para 15 de outubro em Kunming (China) e que Pequim tem interesse em tornar um sucesso.
Sobre o acordo nuclear com o Irão, os três líderes concordaram na necessidade de avançar com as negociações "o mais depressa possível", de forma a evitar o risco de proliferação de armas nucleares, segundo fontes do Governo francês.
Merkel, Macron e Xi também falaram em "cooperação na luta contra a pandemia de covid-19" e sobre o "fornecimento global de vacinas", embora os pormenores não tenham sido divulgados.
No dia 16 de abril, os dois presidentes e a chanceler já tinham realizado uma videoconferência neste mesmo formato voltada para o combate às mudanças climáticas e que serviu de preparação para a cimeira de líderes sobre o mesmo tema que foi organizada, logo de seguida, pelo Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
Apesar do diálogo aparentemente fluido sobre a questão do clima, as relações bilaterais entre a UE e a China não estão no seu melhor.
O acordo recíproco de proteção ao investimento entre as duas partes parece ter bloqueado no processo de ratificação europeu e as diferenças políticas estão a aumentar de intensidade, sobretudo no que diz respeito à repressão de Pequim em Hong Kong e às violações dos direitos humanos contra a minoria muçulmana uigur em Xinjiang.
Os Estados Unidos também têm pressionando os seus parceiros europeus a cerrar fileiras em várias esferas, da política à económica, na sua disputa pela primazia com a China.
Para agravar as tensões entre Bruxelas e Pequim, a UE sancionou quatro funcionários e uma entidade chinesa, em 22 de março, por violações dos direitos humanos em Xinjiang, seguindo uma decisão semelhante dos EUA.
Pequim respondeu sancionando 10 cidadãos europeus, incluindo cinco eurodeputados, e quatro entidades, ao mesmo tempo que convocou o embaixador da UE na China, Nicolas Chapuis, para apresentar uma queixa formal a Bruxelas.